Alcançando a marca de 12 GW de capacidade instalada no país quase ao mesmo tempo em que o governo anuncia a realização de dois leilões de energia nova ainda em 2017, a energia eólica se fortalece mais na matriz brasileira. A fonte que mais vinha viabilizando projetos nos últimos anos e que acabou afetada com a não realização de certames no ano passado pela baixa demanda de energia avista um cenário mais favorável para o futuro e comemora o presente.

“No último dia 22, a fonte foi exportadora de energia para o Sudeste. Temos uma Belo Monte de energia, levando crescimento econômico”, afirmou a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum, na abertura da oitava edição do Brazil Wind Power, nesta terça-feira, 29 de agosto, que está sendo realizado no Rio de Janeiro. Em 2011, eram apenas 1,5 GW em operação, que em seis anos se multiplicaram por dez, chegando aos 12 GW atuais. Até 2020, a fonte deve chegar em 17, 9 GW de capacidade.

O cenário favorável em que a fonte se localiza se relaciona com a estruturação dos certames que vem sendo feita pelo Ministério de Minas e Energia. Na última semana, foi publicado um decreto pelo presidente Michel Temer definiu cronogramas, prazos e características para a realização deles. “Traz boa perspectiva para o longo prazo”, avisa a executiva. São quase 500 parques instalados, que abasteceram mensalmente 18 milhões de residências em 2016, número que é equivalente ao estado de São Paulo. De acordo com a associação, os 12 GW colocam o país na nona posição dentre os principais geradores. Na nova capacidade instalada, os 2 GW deixaram o Brasil no quinto lugar.

O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, que também participou da abertura, ressaltou a importância de fontes renováveis como a eólica. Segundo ele, com o fim dos grandes projetos hidrelétricos, a expansão no país será feita por meio das renováveis. Pedrosa também alertou que era preciso buscar novos mecanismos de financiamento para o setor e que a eficiência e a competitividade não saíssem do radar dos agentes.

O presidente do conselho da associação, Lauro Fiúza, lembrou dos bons resultados operacionais dos parques eólicos brasileiros, frisando que apenas no Ceará, o fator de capacidade é de 68%. “Ventos no Brasil são uma dádiva que não devemos deixar de aproveitar”, disse. Fiúza também salientou que a expansão da energia eólica faz com que o Brasil mantenha a liderança em energias renováveis no mundo. O presidente do conselho elogiou ainda a qualidade do corpo técnico do Ministério de Minas e Energia e a consulta pública 33, que altera ao modelo do setor. Segundo ele, há o estímulo à conversa e a participação.