Os preços-teto do próximo leilão de energia de reserva preservou o valor da energia que será contratada no certame agendado para o dia 13 de novembro. Os valores apresentados nesta terça-feira, 13 de outubro, para as fontes solar fotovoltaica e eólica repuseram, em parte, o cenário de elevação de custos para o investimento nas fontes quando se compara ao ambiente do final de agosto deste ano, quando o dólar ainda não havia superado a barreira dos R$ 4 e o custo de capital não havia sido elevado como se tem atualmente.
Na avaliação da diretora da Thymos Energia, Thaís Prandini, os valores de preço-teto se elevaram justamente por conta do capex que está subindo. O principal destaque foi a disparada do dólar até porque as duas fontes possuem equipamentos que estão vinculados à cotação da moeda norte-americana, a solar, principalmente.
“O preço está adequado e justo para duas fontes que conseguirão fazer negócios. Não proporcionam uma margem folgada, mas é o suficiente para atrair investidores e por isso devemos verificar um pouco de deságio, mais na solar do que na eólica”, avaliou a executiva.
Essa impressão vem do fato de que a caçula entre as fontes que são negociadas nos leilões regulados da Aneel ainda possui cerca de 90% de seu investimento dependendo fortemente do dólar, e o impacto principal, de 50%, está somente na aquisição dos painéis solares.
De acordo com Ricardo Barros, representante da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o aumento de R$ 349/MWh do LER de 21 de agosto para R$ 381/MWh no certame de novembro não é tão bom quanto parece. Os 9,16% repõem a depreciação do real ante o dólar nesse período. Esse teto no leilão de agosto levou a energia a um patamar de US$ 97/MWh e hoje, ao atualizar essa tarifa máxima, o patamar está em US$ 98/MWh.
“Ainda assim é positivo esse valor pois traz incentivo aos investidores em ofertar lances e ainda é importante porque mostra que há a percepção no governo de que o risco é grande por conta da variação do dólar, que está volátil e essa volatilidade aponta para um problema no que se refere ao preço futuro da energia, já que 90% do investimento da solar está exposto à flutuação da moeda norte-americana”, disse Barros.
O desejo dos associados da entidade é de que neste LER se tenha uma contratação de um volume equivalente ao que o governo já viabilizou em dois outros leilões, ou seja, algo próximo a 2 GWp. Isso porque essa é a oportunidade de contratação do volume de solar para o ano de 2018, o que seria positivo para a cadeia de fornecimento para esta fonte.
Já no caso da eólica, a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum, destacou que o aumento de 15,7% no preço-teto para o LER, quando comparado aos R$ 184/MWh do A-3 desse ano, mostra que o governo atendeu parcialmente a um pleito do setor, já que houve uma mudança de cenário no ambiente de negócios no Brasil. Além da elevação do dólar, a executiva lembra que nesse período houve a inclusão do pagamento de IOF nas operações de financiamento do BNDES e a elevação da TJLP.
“O preço teto não atende a 100% das variações de preços, mas já é satisfatório esse preço-teto e reconhece o aumento dos custos e a variação macroeconômica no período”, afirmou Élbia.
A representante do setor eólico destacou que ainda em junho, quando a entidade enviou uma carta ao MME explicando o porquê seria necessária a elevação do preço-teto para a fonte, o valor indicado estava na casa de R$ 210/MWh. Esse patamar atualizado para o LER estaria em R$ 230/MWh. Mesmo assim os R$ 213/MWh aprovados pela Aneel deverá atrair disputa para o certame. Contudo, Élbia não arrisca um volume que poderá sair contratado deste certame. “Não dá para dizer quanto será contratado, mas deixamos claro que se houver a demanda apresentaremos a oferta para atender”, destacou.
Quanto ao volume a ser contratado nesse LER, Prandini, da Thymos, disse que essa é uma incógnita porque não se sabe quanto o governo pretende viabilizar. Em sua avaliação, no melhor cenário, dá para se acreditar na contratação de um volume de cerca 1,5 GW de capacidade instalada no certame. Até porque já houve um outro LER este ano com cerca de 1 GWp de energia solar, realizado em agosto.