As associações que representam os geradores a biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas ficaram desapontados com resultado do leilão A-5, realizado nesta quinta-feira, 30 de abril. A expectativa era que houvesse uma compra bem maior que os 1,146MW médios contratados. O presidente-executivo da Cogen, Newton Duarte, disse estar “estupefato” com o resultado da biomassa. “Tínhamos 22 projetos e só três venderam. Isso é baixo. O que espanta é que o preço está correto. Ou houve um receio grande dos investidores ou os projetos estão mais caros”. Segundo Duarte, existem 720 MW em projetos a biomassa aptos a vender energia.

Para Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Única, a divulgação do preço teto após o prazo de cadastramento dos projetos comprometeu a oferta das usinas a biomassa. “O sinal que o leilão deu é que o governo precisa garantir a previsibilidade de contratação”. Ivo Pugnaloni, presidente da Abrapch, ficou decepcionado com o resultado do leilão, mas ao mesmo tempo esperançoso. “Imaginava uma contratação maior. O preço-teto melhorou bastante, mas ainda é insuficiente”. Para o executivo, fatores como financiamento e risco de exposição ao GSF devem ter afetado a percepção de risco os investidores. “O GSF tem tirado 20% das receitas dos geradores e obrigando-os a adquirir energia no mercado à vista”.

Considerando o contexto em que o Brasil se encontra, a contratação de oito PCHs foi importante, avaliou Charles Lenzi, presidente da Abragel. “Todo leilão traz uma lição e a grande lição que podemos tirar desse leilão é que estamos no caminho certo”, disse Lenzi, alertando para a necessidade de melhorar os preços-tetos e as condições de financiamentos. “Nossa expectativa é que tenha um novo leilão, com preço que representem a realidade e estimule os investidores, para que a gente tenha um grande volume de projetos participando.”

Para Alexei Vivan, presidente da ABCE, o preço oferecido pelo governo estava adequado para que o leilão tivesse sucesso. Contudo, os investidores estão mais cautelosos, dado a incerteza futura. “Existe a expectativa com o preço da energia, com o arrefecimento da economia, com a baixa atividade da indústria. Tudo isso tem influenciado e preocupado os investidores. Isso fez os investidores ficarem em compasso de espera, para avaliar melhor o momento.” Para ele, situações como as enfrentadas pelas usinas do Madeira e Belo Monte contribuem para deixar os investidores ainda mais preocupados. “Fatores como esses trazem um certo receio.”

Já a preocupação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica é com o preço da energia, que vem crescendo a cada de leilão. “Dentro das perspectivas que tivemos do leilão, ele atingiu seu objetivo”, disse Nelson Leite, presidente da Abradee. “Mas o deságio foi muito pequeno. O maior vendedor foi uma térmica, ou seja, o mix de energia está mais caro, na medida em que temos uma presença maior de termelétricas na matriz.”

O A-5 terminou com a contratação de energia proveniente de 14 empreendimentos, sendo oito PCHs, duas usinas hidrelétricas de médio porte e quatro térmicas. O preço médio ao final das negociações foi de R$ 259,19 por MWh, com deságio de 0,92% em relação aos preços-tetos estabelecidos para os produtos, o que representou uma economia de R$ 628,8 milhões para os consumidores de energia.  O certame movimentou ao todo R$ 67,4 bilhões em contratos, equivalentes a um montante de 260 TWh em energia. Participaram do leilão, como compradoras da energia negociada, 26 concessionárias de distribuição, com destaque para a Light, Amazonas Energia, Celpe e Eletropaulo, que juntas responderam por mais de 40% da contratação.