Os veículos elétricos são uma tendência sustentável e irreversível ao redor do mundo, graças ao seu sistema primário de energia e seu meio de locomoção não poluente, já que não emite gases nocivos ao meio ambiente, o que torna uma das grandes soluções na luta contra a poluição nos centros urbanos e consequentemente o aquecimento global. Além de apoiar a sustentabilidade, um modelo elétrico é também muito econômico.

Na Europa, que é o lugar com a maior concentração de carros desse tipo, um veículo movido a gasolina gasta, no mínimo, quase 10 Euros por cada 100km; um movido a diesel fica em média de 7 Euros, enquanto o automóvel movido a eletricidade percorre os mesmos 100km por 2 Euros – convertendo para o real seriam apenas R$ 7,90. Uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro – cerca de 450 km – sairia por R$35,50.

Além disso, serviços de aplicativos de mobilidade – como táxi e Uber – ficariam mais baratos, se houvessem mais carros no modelo elétrico em circulação. Porém, de acordo com os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), há apenas 2,5 mil veículos nesse modelo no Brasil, número muito baixo comparado ao total da frota nacional de 92 milhões, segundo Departamento Nacional de Trânsito.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), lidera a discussão no grupo de trabalho que trata de mobilidade elétrica e híbrida do Rota 2030. A agência defende incentivos ao setor automobilístico para pesquisa e desenvolvimento de modelos tecnologicamente mais avançados. O presidente da ABDI, Guto Ferreira, diz que a inserção dos carros elétricos no mercado é estratégica e deve estar na agenda do Brasil. “Depois da assinatura do acordo climático de Paris e várias nações anunciarem a extinção da produção de veículos movidos a combustíveis fósseis em um curto período de tempo, é impensável que o Brasil não vá participar dessa mudança”, explica Ferreira, que está fechando uma agenda de visitas a plantas que produzem veículos elétricos ao redor do mundo.

MDIC e ABDI têm defendido um regime tributário diferenciado para quem alcançar metas de eficiência energética. “O país precisa acelerar a produção dos carros elétricos e híbridos, tanto para maior desenvolvimento da indústria brasileira, como para apoiar a sustentabilidade do meio ambiente”, diz o presidente da ABDI.

O país com maior número de carros elétricos em relação ao total de veículos é a Noruega. Lá, um em cada quatro carros circulando nas ruas é elétrico. Na Holanda, segundo país da lista, 10% da frota já é elétrica. Outros quatro europeus  —  Suécia, Dinamarca, França e Reino Unido  — , mais a China, têm 1% dos veículos movidos a eletricidade. “O carro elétrico ainda tem preço alto no Brasil. O que mais onera a produção é a bateria, que representa de 30 a 50% do valor total do veículo. Mas a tendência é de queda à medida que a produção ganhe escala”, avalia Guto Ferreira.

As baterias de carros elétricos podem ser produzidas com alguns tipos de materiais, como níquel, lítio e sódio. Devido ao menor custo e melhor rendimento, o lítio é a liga mais utilizada. No Brasil, que possui reservas do mineral, os estudos para a produção de baterias de lítio já começaram.