A agência de classificação de risco Fitch afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘BBB(bra)’ da Matrix Comercializadora S.A com perspectiva estável. A análise do rating reflete a atuação da empresa no segmento de comercialização de energia elétrica no Brasil, área que a Agência considera de risco elevado, devido à intensa volatilidade dos preços, às reduzidas margens operacionais, à exposição relativamente alta dos fluxos de caixa a eventos de inadimplência, à competição acirrada e à baixa barreira ao ingresso de novos participantes. Entre os fatores atenuantes estão o fato de a Matrix operar, historicamente, sem dívida, além de se beneficiar de sua destacada posição no segmento em que atua.

A atuação exclusiva da Matrix no segmento torna seu perfil de risco mais acentuado em comparação a grupos que atuam nos demais segmentos do setor elétrico e/ou com operações integradas. Para a Fitch, os segmentos de distribuição, geração e transmissão de energia apresentam riscos inferiores ao de comercialização, e não limitam os ratings das companhias. Ainda assim, o rating da Matrix está um grau acima do da Cemig (Rating Nacional de Longo Prazo ‘BBB-(bra)’ (BBB menos(bra))), devido ao perfil financeiro e de liquidez mais pressionado desta última, que ofusca seu maior porte e seu melhor perfil de negócios, o qual se beneficia de sua atuação integrada como um dos maiores agentes do setor no país.

A volatilidade inerente ao segmento de comercialização — que pode ser observada pela forte variação dos preços médios de venda e de compra de energia praticados no mercado nos últimos anos — limita a classificação da Matrix e traz à companhia o desafio de manter uma estratégia comercial eficiente, a fim de preservar a rentabilidade de suas operações ao longo do tempo, sem que isto gere significativa exposição a risco. Na opinião da Fitch, a atuação da comercializadora mais concentrada em operações de curto prazo e bem casadas reduz sua exposição ao risco de preços.

Na comparação do perfil de negócios da empresa com o de grupos que atuam em setores também caracterizados por intensa volatilidade de preços e considerados de elevado risco pela Fitch, como a Jalles Machado S.A. (Jalles Machado) e a Usina Santo Ângelo (USA) — ambas com operações predominantemente no setor de açúcar e álcool e avaliadas com o Rating Nacional de Longo Prazo ‘A-(bra)’ (A menos (bra)) —, estas empresas possuem perfis de negócios mais robustos, com diluição dos riscos operacionais por meio da participação em diversos segmentos e regiões.

A Fitch estima que a Matrix continuará apresentando desempenho satisfatório na geração de fluxo de caixa das operações (CFFO). Em 2017, mesmo em face do cenário de intensa volatilidade dos preços de energia no mercado de curto prazo no Brasil, a empresa gerou R$ 54 milhões de CFFO, em comparação a R$ 31 milhões em 2016. A geração de caixa operacional em 2017 foi suficiente para suportar a distribuição de dividendos de R$ 21 milhões e investimentos de R$ 2 milhões, com FCF positivo em R$ 31 milhões. A agência acredita que a empresa continuará reportando FCF positivo nos próximos anos, suportado pela manutenção de spreads positivos, pelo volume crescente de energia comercializada, pela atual estratégia operacional e pela limitada necessidade de investimentos.