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Um dos destaques entre os 30 projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) aprovados na Chamada de Mobilidade Elétrica da Aneel e apresentados pelos proponentes em reunião pública no dia 9 de setembro, é a proposta da Norte Energia de criar um sistema de transporte elétrico inteligente e multimodal na Amazônia, envolvendo num primeiro momento dois ônibus e a construção de um barco catamarã movido à energia solar, que terá painéis fotovoltaicos próprios e uma usina de apoio em solo, além de infraestrutura de armazenamento em banco de bateria e eletropostos, num projeto que pretende levar benefícios a população local e novas oportunidades de negócios para empresas da região.

O programa piloto será executado em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), que irá colaborar com a expertise do curso de Engenharia Naval e outros conhecimentos específicos. Já a Fundação CPQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações ajudará no desenvolvimento de uma rede de comunicação sem fio para a embarcação e no processamento de dados do projeto em nuvem, além de um sistema de gestão inteligente para atendimento do Campus Universitário Guamá, da UFPA, e da população ribeirinha do seu entorno, que será contemplada pela iniciativa.

Sílvia Cabral, superintendente de Planejamento da Norte Energia, conta que a ideia inicial era atuar junto a Universidade da região de Belo Monte e as comunidades próximas, e que num momento posterior foi delineado o planejamento para realização de uma rede integrada envolvendo também o setor industrial. “A ABB Sorocaba entrará com o know-how dos eletropostos, e a BYD do Brasil com a comercialização de dois ônibus 100% elétricos e o financiamento de R$ 250 mil para montagem de uma usina fotovoltaica no campus da faculdade, destinada a alimentar as estações de recarga, os veículos e até futuramente abaixar a conta de luz da instituição”, explica a executiva. Para as empresas, que possuem suas matrizes na Suiça e na China, o projeto irá representar uma oportunidade de analise de desempenho e adaptação à realidade nacional dos seus produtos, promovendo eventuais melhorias.

Projeto terá aplicabilidade em regiões e comunidades ribeirinhas, onde a tecnologia embarcada poderá beneficiar famílias isoladas e o comércio local  (foto: Antônio Cruz, Agência Brasil)

A inclusão da indústria à iniciativa está alinhada a uma nova concepção de escopo para os projetos de P&D, não só da Norte Energia, mas de praticamente todas companhias do setor. Se antes a área era encarada e restrita a parcerias com instituições de ensino e pesquisa, com resultados e metas mais acadêmicas e técnicas, o processo de inovação que acontece hoje é mais prático do que teórico, no sentido de desenvolver modelos de negócios que busquem a inserção no mercado dos produtos que ganham vida.

No âmbito da Rede de Inovação no Setor Elétrico (RISE), a ideia de gerar patentes comercializáveis foi inclusive colocada pela Aneel como recomendação na Nota Técnica que avaliou o projeto, mostrando que o órgão regulador também tem trabalhado junto aos setores da indústria e da academia no sentido de promover esse ambiente favorável à inovação e a eficiência energética no mercado.

“Considerando que a indústria de embarcações fluviais local é forte e de grande importância para a economia da região, está faltando na RISE do projeto a participação dessa indústria, inclusive para fixar o conhecimento sobre o tema na região e permitir a continuidade e expansão do modelo de negócio proposto”, diz o trecho do documento. De acordo com a superintendente, já há o contato da Norte Energia com empresas da região para garantir a comercialização do produto numa etapa posterior.

O desenvolvimento e execução do chamado Sistema Inteligente de Gestão Eficiente de Mobilidade Elétrica Multimodal foi avaliado em R$ 11,8 milhões, sendo R$ 10,2 milhões deste aporte a ser desembolsado pela companhia de Belo Monte. Os R$ 1,7 milhão restantes estão divididos entre as demais empresas envolvidas no projeto, que tem duração prevista de três anos, e que num segundo momento poderá contar com a adição de outros modais complementares, como bicicletas e patinetes elétricos.

A área de Recursos Humanos, com cerca de R$ 3,75 milhões representa 31% do valor total do projeto, sendo a segunda rubrica de maior participação no orçamento. O total de profissionais envolvidos é de 45, entre pesquisadores, coordenadores, gerentes e técnicos. A parte que irá receber a maior parte dos recursos é a dos Materiais Permanentes, que irão angariar cerca de R$ 5,3 milhões, representando 45,27% do quadro de investimentos. Para o cálculo de viabilidade econômica, a proposta considerou uma inflação de 8 % ao ano e taxa de desconto de 7 % ao ano. A partir dessas considerações, o retorno de investimento simples do projeto é de aproximadamente cinco anos, enquanto o payback descontado apresentou tempo de retorno de quase seis anos e meio.

Universitários participam de competição em 2016 com protótipos de botes movidos a energia solar (foto: Sindsol)

Segundo o parecer do órgão regulador, a relevância econômica das soluções de mobilidade que serão estudadas e testadas consiste principalmente no incentivo a novas oportunidades de negócios na região, tanto para fabricantes de embarcações quanto para as famílias que vivem na localidade, sendo muito representativa e necessária devido às características geográficas do Norte do país.

“Nossa expectativa é muito positiva, sobretudo pela aplicabilidade futura do projeto em comunidades e regiões ribeirinhas e litorâneas, onde a tecnologia embarcada pode beneficiar em muito as populações e o comércio local”, acrescenta Sílvia, afirmando que um “corredor verde” será feito no campus principal da UFPA e em Castanhal, levando a mobilidade elétrica para uma região abundante em vias fluviais, com grande potencial a ser explorado.

Ela ainda ressalta que o barco a ser construído deverá ser híbrido, com a opção do diesel, por conta de uma legislação vigente, no qual embarcações nessas localidades não podem ter uma única opção de propulsão. São extensas e isoladas porções de terra e rios, onde ficar impossibilitado de locomoção pode ser um grande problema.