O plano de investimentos da Neoenergia de 2019 a 2023 prevê um aporte de R$ 25 a R$ 30 bilhões no país. Esse valor depende do câmbio, pois o plano é de 6,5 bilhões de euros no período. A empresa quer focar os seus esforços na expansão orgânica, descarta aquisições seja de usinas ou de concessionárias, mas deixa aberta a porta para esses casos, desde que haja a geração de valor para o acionista.

Porém, avaliou o CEO da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, o cenário não apresenta oportunidades como aquela na qual a companhia protagonizou com a Enel a disputa pela Eletropaulo junto ao grupo norte americano AES. Ele disse que a holding, que controla quatro distribuidoras no país não precisa adquirir novas concessões, anualmente, o potencial de crescimento em número de consumidores atendidos varia entre 250 mil a 300 mil unidades.

“A companhia tem claro qual é o seu plano estratégico, é de crescimento orgânico, não faz sentido para nós. Então podemos olhar as oportunidades no mercado com tranquilidade, pois queremos apenas o que gera valor e eficiência”, definiu ele.

No caso da Eletropaulo, a disputa da companhia se deu porque a avaliação era de que haveria uma importante sinergia com a Elektro, que tem área de concessão no interior do estado de São Paulo. Segundo ele, hoje não há mais essa perspectiva, nem mesmo com a publicação do decreto 10.135 pela Presidência da República na semana passada.

Com essa decisão, o governo abriu a possibilidade de renovar as concessões de usinas ao modelo do que foi feito no caso da Cesp, que viabilizou sua privatização, para as usinas enquadradas na lei 12.783 e que operam sob o regime de cotas.

Contudo, disse que por obrigação de buscar negócios a empresa não deixará de avaliar outras empresas até porque o acionista cobra rentabilidade e crescimento. Mas isso, garantiu ele, sendo feito dentro da política de alocação de capital rigorosa da companhia que ele dirige. “Temos o foco claro que é o de executar o plano de investimentos de cinco anos. Se há alguma aquisição de grande porte temos a mudança de foco. Olharemos com atenção, mas não estamos na ponta compradora, apenas na ‘estudadora’”, brincou o executivo.

Dos valores que a Neoenergia pretende aplicar no país a maior parte vai para redes, com 60% do total, em geração eólica e transmissão estão divididos igualmente os 40% restantes. A empresa ainda vem desenvolvendo a fonte solar que em algum momento pode ser colocada em execução nesse horizonte do plano, mas ainda não há uma definição sobre essa decisão.

*O repórter viajou a convite da Neoenergia