A guerra dos preços do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia, combinada com a redução drástica da demanda causada pela pandemia do coronavírus, mais uma vez causou turbulência ao setor de petróleo e gás. Segundo um relatório da consultoria Wood Mackenzie, são esperados cortes em todos os gastos discricionários do setor, à medida que as empresas devem voltar ao modo classificado como “de sobrevivência” diante de um preço do petróleo na casa de US$ 35 por barril. E nesse sentido, as iniciativas de investimentos em novas tecnologias e na transição energética podem ser comprometidos.
O principal motivo apontado é a redução de fluxo de caixa das empresas de óleo e gás que devem desacelerar os aportes nos projetos que têm como meta a redução de carbono. Dentre os fatores destaque para a redução da capacidade de investimentos e, ao mesmo tempo, atender a seus compromissos com retorno para os acionistas. De acordo com a Wood Mackenzie, um número crescente de empresas de petróleo e gás, lideradas pelas ‘Majors’ da Europa, estabeleceu metas para reduzir as emissões de carbono.
Na avaliação da consultoria, o crescimento global de energias renováveis ​​não será afetado. Isso porque o preço do petróleo historicamente não mostrou correlação com o investimento em energias renováveis. A maioria dos investimentos tem origem de fora do setor de petróleo e gás, responsável por menos de 2% da capacidade global de energia solar e eólica. Mesmo que a o segmento parasse de investir em renováveis, isso teria um impacto menor na expansão.
Mesmo com o barril na faixa de US$ 35, as energias renováveis ​​competem com projetos de petróleo e gás. “Nossa análise mostra que 75% dos projetos globalmente retornariam menos do que o custo de capital, assumido em 10%. Com um retorno médio ponderado de 6% da TIR, os projetos de petróleo e gás estão agora alinhados com os retornos médios de projetos solares e eólicos de baixo risco”, aponta a publicacão intitulada A energia limpa poderia ser a vencedora na guerra de preços do petróleo? (na tradução livre do inglês).

Uma das conclusões da consultoria é de que a transição energética continuará ganhando impulso, mesmo com o preço do barril ao nível atual com a disputa entre os dois países produtores. Ao mesmo tempo, acrescenta que, investidores, reguladores e consumidores continuarão pressionando as empresas de petróleo e gás a reduzir ou neutralizar as emissões de carbono. E essas pressões só aumentarão à medida que os investidores considerarem as características dos investimentos em petróleo e gás, que são o baixo retorno, alta volatilidade e alto carbono.

Além disso, nesse ambiente o investimento em energias renováveis, ​​representa uma oportunidade de negócios para as empresas com fortes balanços patrimoniais em posição de pensar estrategicamente e no longo prazo. “A diversificação em energias limpas poderia garantir sua sobrevivência a longo prazo”, analisa.