O consumo de energia no Brasil apresentou retração média de 4,7% entre os dias primeiro e 26 de junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados, apresentados nesta semana pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), reforçam a tendência de retomada gradativa da demanda, com a flexibilização das medidas de isolamento social em algumas das principais cidades do país.

Em junho, o mercado regulado teve queda de 4,6%, enquanto o mercado livre recuou 5%. A redução é um pouco menor no ambiente regulado por causa do aumento do consumo da classe residencial, explicou a CCEE.

Para efeitos de comparação, em maio, houve redução de 10,9% no consumo de energia do país, sendo uma queda de 11,4% no Ambiente de Contratação Regulado (ACR) e de 9,7% no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Em abril, a retração chegou a 12,1% no total, com diminuição de 11,5% no mercado regulado e de 13,6% no livre.

Os dados são preliminares e levam em conta o consumo total do mercado cativo, em que o consumidor compra energia diretamente das distribuidoras, e do livre, que permite a escolha do fornecedor e a negociação de condições contratuais. Além disso, o estudo não considera os dados de Roraima, único estado não interligado ao sistema elétrico nacional.

Ao analisar o desempenho do mês de junho por ramo de atividade, verifica-se que o consumo de energia continua menor do que o mesmo período do ano passado, mas os percentuais indicam uma desaceleração da trajetória de queda. Já expurgados os efeitos de migrações para o mercado livre, a indústria automotiva se manteve como o segmento com maior queda desde o início do isolamento social. A média foi 49% menor do que a do mesmo período em 2019. Já os setores de serviços e a indústria têxtil apresentaram queda de, respectivamente, 36% e 42%.

Análise regional

A CCEE analisou ainda o desempenho do consumo de energia elétrica dos estados no período, comparando a média de todo o período de isolamento (21 de março a 26 de junho), na comparação com os mesmos dias de 2019. O levantamento indica que o Rio de Janeiro foi o estado que apresentou maior queda, de 15%, seguido pelo Espírito Santo, com -13%.

Três estados tiveram alta: Amapá (3%) e Maranhão (1%) – por causa da baixa redução no mercado regulado (distribuidoras) e da retomada de alguns setores da economia nestes estados – e o Pará, com 5%, ainda refletindo a retomada da produção de uma indústria de alumínio que teve atividades paralisadas no ano passado.

Ao se analisar o desempenho por região geográfica, Rio de Janeiro lidera a queda (-15%) no Sudeste, em termos percentuais. No Sul do país, o Rio Grande do Sul é o que apresentou a maior queda (-11%), enquanto, no Centro-Oeste, a redução mais expressiva ocorreu no Mato Grosso do Sul (-6%). O Nordeste tem a Bahia como o estado com maior índice de redução (-12%). Na região Norte, a maior queda se deu no Acre, com -8%.

Nova ferramenta

A CCEE disponibilizou uma nova ferramenta (clique aqui) que apresenta análises em base diária sobre o consumo de energia elétrica, permitindo filtros por ambiente de contratação, submercado, unidade federativa e por ramo de atividade.

A funcionalidade, criada a partir da plataforma Tableau, permite o cruzamento de dados em poucos cliques, além de possibilitar o download de dados de consumo de todos os dias dos últimos 24 meses. A atualização será feita semanalmente.