A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou que a qualidade de crédito da CPFL e suas subsidiárias, classificadas com o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’ e Perspectiva Estável, não se altera com a aquisição de 66,1% da CEEE-T por R$ 2,7 bilhões na última sexta-feira, 16 de julho, com potencial desembolso adicional de R$ 1,3 bilhão pelo restante da participação caso os demais acionistas, como a Eletrobras, exerçam a opção de tag along.

A operação aumenta a participação do grupo no segmento de transmissão, considerado como de baixo risco no setor, e eleva sua diversificação de ativos. Por outro lado, ocasiona um ligeiro incremento na alavancagem financeira consolidada da empresa, que refletem os fortes vínculos do controlador State Grid Corporation of China.

A CEEE-T opera seis mil quilômetros de linhas de transmissão, a maioria no Rio Grande do Sul, representando 95% da receita e com prazo remanescente de vinte anos. A Receita Anual Permitida (RAP) é estimada em R$ 840 milhões em 2021 e R$ 800 milhões em 2022, incorporando o reperfilamento do componente financeiro da indenização, associada à Rede Básica do Sistema Existente (RBSE).

A operação deve incrementar a alavancagem líquida ajustada consolidada da CPFL para 2,8 vezes em 2021 e 2,9 vezes em 2022, frente à projeção anterior de 2,5 vezes, medida pela relação dívida líquida ajustada/EBITDA ajustado, considerando o pagamento inicial em 2021 e o correspondente ao tag along no ano seguinte.

São estimados ainda investimentos anuais de R$ 300 milhões em média nos próximos quatro anos, a serem alocados principalmente na substituição de equipamentos depreciados em subestações. Desse total, cerca de R$ 1,3 bilhão deverá ser revertido em aumento da RAP, com expectativa de que a base remunerada de ativos da transmissora seja duplicada até 2025.

As projeções da Fitch consideram uma potencial captação de dívida na faixa de 50% a 70% do valor da transação como principal fonte de recursos, além do pré-pagamento das dívidas existentes da CEEE-T, de R$ 680 milhões, e a incorporação de R$ 380 milhões mantidos no caixa da empresa. O cenário-base incorpora débitos anuais de R$ 100 milhões em média até 2024, com liquidação de déficits atuariais e outras contingências.