O Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 sofreu alterações na sua metodologia para 2022, com o objetivo de tomá-lo mais transparente para os investidores. Agora, os questionários estão mais aprofundados, de maneira que o índice ficasse mais simples, objetivo e aprofundado sob a ótica da agenda ESG e uma ferramenta eficaz da gestão de sustentabilidade das empresas. Na área de energia, foram incluídas novas perguntas ao questionário. Do setor elétrico, atualmente estão listadas no ISE a AES Brasil, Cemig, Copel, CPFL Energia, Eletrobras, EDP, Engie, Light, Neoenergia e WEG. O índice foi criado em 2005. A setorização vai permitir que as empresas revelem o que é mais importante para elas nessa seara e que os investidores as diferenciem a partir disso.

De acordo com Ana Beatriz Mattos, superintendente de Novos Negócios da B3, houve uma redução no número de perguntas do questionário, com as dimensões capital humano, governança corporativa e alta gestão, modelo de negócio e inovação, capital social e meio ambiente e mudança do clima, que são avaliadas através de 28 temas, metade padronizados e metade específicos para as empresas. A nova metodologia mostra a nota geral de todas as empresas que participarem do processo de seleção, mesmo as não selecionadas, além da pontuação nos temas. No caso das empresas do setor elétrico, as atividades do setor de energia foram tratadas de forma separada, com a Distribuição e a Geração & Transmissão respondendo a perguntas diferentes. Na distribuição, a relação com o consumidor final foi inserida, enquanto na Geração & Transmissão, o aspecto ambiental e social foi salientado.

Por ter grande interação com o consumidor, temas relacionados a aspectos sociais relacionados aos usuários ganharam relevância. O acesso da população de menor renda e acesso à energia elétrica, a experiência positiva e segura, a transparência nas informações sobre o serviço e a privacidade dos dados são alguns dos temas que surgiram para as distribuidoras de energia. Já no caso das geradoras e transmissoras, a gestão da água e o relacionamento com as comunidades locais, em virtude das construções de alta complexidade, entraram na lista.

A superintendente ressalta o ganho que o direcionamento no questionário trouxe para a avaliação das empresas, por dar a chance de incluir questões que falam mais forte ao seu escopo de atuação. O número de empresas também foi ampliado. “Houve um grande cuidado para não só trazer mais empresas, mas que elas fossem avaliadas na sua atuação”, explica. Antes o questionário único fazia com que empresas respondessem perguntas sobre temas alheios. Ainda segundo ela, os investidores sentiam falta de um indicador que indicasse essas vertentes. “Ajudamos a evidenciar algo que elas estão fazendo e do outro lado ajudamos o investidor para poder investir quando ele tem essa demanda”, comenta.

Ela conta que o trabalho de reformulação nos questionários do ISE foi feito em parceria com as empresas e os investidores, de modo a melhorá-lo ainda mais. Os dados ficarão disponíveis no site da B3, podendo ser acessadas pelo mercado. Para Ana Beatriz Mattos, havia uma necessidade com as elétricas do setor de aproximar o investidor do mundo real dessas empresas. “Tem um cuidado na setorização para que os dados que o investidor precise estejam no questionário, mas que a empresa se sinta confortável e entenda que aquela pergunta de fato é relevante para a sua atuação”, avisa.

O processo de reformulação do questionário do ISE ficou aberto em audiência pública. A empresa listada também poderá ver no questionário onde ela foi mais e menos pontuada. Consumidores também poderão verificar a pontuação. Anova carteira será divulgada em janeiro de 2022. Em vez de uma avaliação anual, como vinha sendo feito, as empresas no ISE serão revisadas duas vezes ao ano, em maio e setembro.