A produção de alumínio primário em 2015 deverá registrar o menor nível desde 2008 quando atingiu o pico de 1,7 milhão de toneladas. Esse ano, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) projeta um volume de 780 mil toneladas. Se essa previsão se confirmar representará um decréscimo de cerca de 20% sobre o mesmo período de 2014. O motivo para tal desaceleração é o avanço do preço da energia que vem aumentando o custo de produção para o setor.

Atualmente a energia é responsável por 60% dos custos de produção do alumínio primário por se tratar de uma matéria prima no processo de transformação da alumina. E essa participação vem subindo ao longo dos últimos anos. Em 2010, reportou o presidente executivo da Abal, Milton Rego, esse índice estava em 50% e em 2003 era de 30%. “Em pouco mais de dez anos o preço da energia para a indústria do alumínio dobrou de preço, houve uma redução com a [MP] 579, mas voltou a subir e hoje está pior”, disse ele.
E ao passo que a energia aumenta o número de fábricas por aqui diminui em ritmo acelerado. Nos últimos cinco anos foram 5 unidades de produção encerradas que juntas somam 50% da capacidade que o país tinha de produção de alumínio primário. E se as previsões de aumento do custo da energia para o segmento industrial se confirmarem, a tendência é de que mais unidades possam parar. Os dados no qual o executivo se baseia são da Firjan, que aponta um custo do insumo de cerca de R$ 370/MWh.
De acordo com um levantamento que a Abal fez com seus associados, em 2003 o preço da energia para esse segmento da indústria de base era de R$ 55/MWh, em 2010 passou a R$ 115 e ao final de 2014 fechou a R$ 147/MWh. Na avaliação de Rego este é o limite máximo de preço de energia para que se possa produzir no país. A avaliação da entidade é de que a energia não pode avançar a mais de US$ 50/MWh, isso porque o produto é classificado como commodity e tem o preço controlado pelo mercado internacional. Atualmente a tonelada do produto é negociada a US$ 1,8 mil.
Contudo, a perspectiva é de que esse valor possa se elevar num futuro próximo com a finalização dos atuais contratos de compra de energia que esses fabricantes possuem no mercado livre. Ainda não dá para saber os valores que se terá nos próximos acordos, mas a tendência é que aumentem influenciados em grande parte, pelo atual preço que se encontra no mercado spot e que tem contaminado os contratos para 2016.
“Para se ter uma ideia, falamos com países exportadores e lá a energia está na faixa de US$ 30/MWh. Enquanto os contratos antigos estão válidos a produção continua, mas ao passo que as indústrias ficam descontratadas não é mais possível encontrar acordos com nível de preços anteriormente praticados”, afirmou o presidente executivo da Abal. “Ou o Brasil tem a energia competitiva ou é melhor se preparar para não ter mais uma indústria de base que são eletrointensivos, com esse preço na formação de custos do setor a conta não fecha”, alertou.
Atualmente, calcula a Abal, 65% das necessidades de energia são originadas da autoprodução e os 35% restantes são comprados por meio de contratos com as geradoras. A demanda brasileira por alumínio está em cerca de 1,4 milhão de toneladas sendo que de 300 a 400 mil toneladas são do produto reciclado, que demanda 5% das necessidades de energia que o alumínio primário demanda.
Rego conta que nem mesmo a desvalorização do real ante o dólar melhorou o cenário para o setor. Ele concorda que a diferença cambial melhorou a competitividade nacional, principalmente quanto à entrada de importados que tem efeito mais imediato. Contudo, para as exportações esse cenário ainda não foi sentido. A expectativa da entidade é de que as exportações do país que são de cerca de um terço da produção recuem, mas não soube indicar quanto.
O mais recente anúncio de fechamento de fábrica no país foi em março. A Alcoa suspenderá a produção de alumínio primário no Maranhão. Essa medida é a continuação de uma ação adorada no ano passado e que levou a empresa, agora, a descontinuar toda a sua linha de produção da commodity. Outra empresa que recentemente anunciou o fechamento de fábrica foi a Novelis, em Minas Gerais e antes ainda, em 2010 foi a vez da unidade da companhia na Bahia.