O novo diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, falou em mudanças durante a solenidade de posse realizada nesta terça-feira, 26 de fevereiro, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O presidente da República Jair Bolsonaro esteve presente na cerimônia, que também contou com a presença do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, entre outras autoridades dos dois países.

O general Silva e Luna dirigiu-se a autoridades, funcionários e profissionais de imprensa destacando a necessidade de mudanças na gestão da empresa, com mais foco na geração de energia, mas sem perder de vista o bom relacionamento entre brasileiros e paraguaios e a promoção do bem comum em ambos os países.

O general agradeceu pela nomeação ao presidente Bolsonaro e ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Em seguida, afirmou que, desde o início de sua atuação, pretende se inteirar de todas as questões que envolvem a binacional “já de olho em 2023” (prazo para a renegociação do Anexo C, a parte financeira do Tratado de Itaipu).

“Sabemos que em tempos de mudanças descontínuas, não precisamos cometer erros para fracassar, basta continuarmos fazendo o mesmo. Portanto, mudanças são necessárias”, afirmou o novo diretor. “Pretendemos ajustar a agenda, que já está esboçada, conforme percepções e orientações alinhadas com a Eletrobras, a Ande, os Conselheiros e Atos Oficiais da Itaipu. À medida que o tempo for avançando, as mudanças necessárias certamente serão implementadas e os resultados aparecerão.”

Bolsonaro lembrou a história da construção da usina hidrelétrica e a importância da empresa para o desenvolvimento regional. “Designei para comandar Itaipu um contemporâneo da Academia Militar das Agulhas Negras”, afirmou o presidente sobre o novo diretor-geral brasileiro. “Desejo a você os mais sinceros votos de sucesso nesta nova missão, para que possamos trazer ainda mais prosperidade para o povo brasileiro e nosso querido povo paraguaio.”

Mario Benítez corroborou sobre a responsabilidade que o general Joaquim Silva e Luna terá ao lado do diretor-geral paraguaio, Jose Alberto Alderete, em administrar a binacional. “Tem o grande desafio de conduzir o maior empreendimento de produção de energia elétrica do mundo”, disse. “A Itaipu Binacional é orgulho de brasileiros e paraguaios e se transformou em um pilar de desenvolvimento para Brasil e Paraguai.”

Posse do General Silva e Luna (no centro) como diretor-geral de Itaipu (foto: Nilton Rolin/Itaipu Binacional)

FOCO NA GERAÇÃO DE ENERGIA

Silva e Luna sinalizou para a necessidade de focar na área fim da empresa. “Substantivamente, cabe à Itaipu gerar energia elétrica. O restante é derivativo dessa integral maior. Entendo que esse deva ser o foco.”

O novo diretor também abordou o impacto de novas tecnologias no setor elétrico e a constante necessidade de evolução. “O setor está em busca de novas alternativas que permitam, cada vez mais, renovação tecnológica, produção de energia com segurança, menor custo operacional e menores tarifas. Estaremos de olho nisso, e na austeridade de todos os gastos”.

Silva e Luna destacou os esforços políticos e diplomáticos que viabilizaram a construção da Itaipu e o bom relacionamento entre brasileiros e paraguaios ao longo da história da empresa. “Entendemos que, no dia a dia das nossas relações binacionais de trabalho, há que se reforçar as convergências e, a partir delas, alinhar nossas percepções e buscar consensos paritários.”

Ele ainda ressaltou o respeito ao Tratado de Itaipu, “a nossa Bíblia”, nas suas palavras. “A partir dele podemos avançar, ajustando-nos à conjuntura, dialogando, explicando, negociando, gerenciando expectativas, estruturando argumentos, buscando soluções de compromisso, ajustando trajetórias, velocidades e metas, mas preservando-se o destino final, que é o igualitário bem comum dos nossos povos.”

CONSTRUÇÃO DE PONTES

Bolsonaro reafirmou o compromisso do Brasil com a construção de duas pontes entre Brasil e Paraguai. “A segunda ponte sobre o Rio Paraná e a sobre o Rio Paraguai são de fundamental importância para os nossos povos. Contem com o apoio de nosso governo para concretizar este objetivo”, anunciou Bolsonaro, ao lado do novo diretor-geral brasileiro. Foi a primeira vez que o novo governo brasileiro endossou publicamente as tratativas iniciadas no ano passado para a construção das duas pontes.

A assinatura da declaração presidencial que autorizava a construção das duas pontes foi feita em dezembro do ano passado, também na usina de Itaipu, pelo então presidente brasileiro, Michel Temer, e pelo presidente paraguaio, Mario Benítez. As pontes serão construídas sobre o Rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (PY), e sobre o Rio Paraguai,

A ponte que vai ligar Foz a Presidente Franco já foi licitada e a obra contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), em 2014. O projeto, no entanto, não teve continuidade e agora será retomado com recursos de Itaipu. A obra tem custo previsto de R$ 302,5 milhões (considerando estrutura e desapropriações), além de R$ 104 milhões para a construção de uma perimetral no lado brasileiro.

A ponte será do tipo estaiada, com duas torres de sustentação de 120 metros de altura. O projeto prevê pista simples, com acostamento e calçada. A extensão é de 760 metros, com vão livre de 470 metros. A estimativa é que as obras sejam concluídas em até três anos.

Bolsonaro e o presidente paraguaio se encontrarão novamente no dia 12 de março, em Brasília. “Vamos tratar de temas relevantes, nas questões políticas, econômicas, comerciais e de cooperação”, afirmou Benítez. “Seguramente vamos avançar em nosso projeto de integração física com a construção de duas pontes”, concluiu o presidente paraguaio.