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Trabalhando com uma expectativa de investimentos de R$ 50 milhões, podendo chegar a R$ 55 milhões, dependendo de ajustes, a área de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Energisa irá priorizar neste ano projetos e iniciativas que tragam ganhos de eficiência operacional para as distribuidoras e que venham resolver problemas de rotina de parte da operação e manutenção, colaborando para agilizar o processo de transformação digital da companhia, que inclusive criou uma gerência interna para lidar com a questão.

Em entrevista exclusiva para a Agência CanalEnergia, Lenon Fernandes, coordenador de P&D da Energisa, afirmou que a diretriz estratégica aponta para muitas iniciativas que tragam maior automação, desde projetos que envolvem desenvolvimento de novos ativos que possam contar com monitoramento remoto até sistemas voltados para gestão e controle de podas de árvores, além do uso de Inteligência artificial e análise em big data “para trazer mais perspicácia, automação, e para ser cada vez mais digital”. Vinculado a isso, o executivo destacou a chamada “Jornada do Cliente”, um programa onde são traçadas estratégias baseadas no relacionamento com o consumidor, que tem mudado seu comportamento e seus hábitos. “Nossas formas de geração também podem mudar e temos que estar atento a esse movimento”, analisa.

Para 2019, a previsão é de início de cinco projetos. Um aprovado recentemente é o sensor de fibra acústico para monitoramento de transformadores da área de distribuição, que mede a vibração e temperatura do aparelho, conseguindo assim analisar a situação do transformador para atuar com a previsão de falhas nos aparelhos. Outro exemplo é o desenvolvimento de uma solução para identificação de fraude em medidores. “Às vezes os fraudadores colocam dispositivos dentro dos medidores para causar interferências, então estamos desenvolvemos um equipamento para detecção dessas irregularidades”. Ainda nesse sentido, há o chamado Acelerômetro de Medidores, para identificar e flagrar qualquer tipo de movimentação anormal nesses equipamentos, que devem ser instalados em determinado lugar nas unidades consumidoras. “Se houver algum movimento, a vibração gera um alerta de que alguém está mexendo no medidor”, explicou Fernandes, afirmando que o projeto será aplicado em regiões com altos índices de fraudes.

Uma iniciativa recairá sobre o atendimento de clientes isolados na região do Pantanal mato-grossense, que não possuem energia elétrica tradicional e convencional. A ideia é fornecer eletricidade a essa população através de energia solar com baterias de armazenamento: de dia carrega e a noite se tem a energia, conseguindo assim realizar o fornecimento em áreas remotas e isoladas. Outro projeto destacado pelo coordenador chama a atenção pela sua peculiaridade: uma solução química para a parte de madeira da cruzeta nos postes de energia, criando uma espécie de enxerto que aumenta a resistência mecânica e a vida útil do material, dando sobrevida a madeira em questão, que sofre com processos de degradação, causados por cupins e intempéries.

Projetos em andamento

Entre as iniciativas em curso está o Floco Sensor de Baixo Custo, desenvolvido pela Energisa Minas Gerais a partir de 2018, e cuja concepção é atuar de forma rápida e assertiva como localizador de pontos de interrupção de energia na rede, indicando o destacamento ideal das equipes de campo. Um sistema vinculado a esse sensor utiliza outras informações da rede para nesse conjunto de dados fazer o cruzamento dos mesmos, concebendo uma assertividade maior sobre o ponto em questão na malha elétrica, o que tende a diminuir o tempo de interrupção da energia. Em resumo, sem perder a função principal de proteção, a solução se torna um verdadeiro “fusível inteligente”, que consegue, além de localizar a falta, enviar dados com relação ao carregamento da rede e a eventual queima de um elemento fusível. A previsão é que o projeto seja finalizado no final deste ano.

Já a Plataforma de Reconhecimento e Gestão da Vegetação através de Imagens para Uso nos Sistemas de Distribuição e Transmissão de Energia Elétrica (VERA) vem sendo desenvolvido pela Energisa Sergipe e visa atuar como fonte de reconhecimento de vegetação na rede, através de um mapeamento aéreo da área em que está inserida, o que se mostra muito importante para a realização de planos de poda, sobretudo para um grupo empresarial como a Energisa, com áreas de concessão em diversos biomas brasileiros. “É preciso saber a taxa de crescimento anual de cada tipo de vegetação”, explicou o coordenador, trazendo dados de que 50% das ocasiões de danos a linhas de transmissão e distribuição são causadas por galhos ou árvores que encostaram ou caíram na rede.

Concebida como produto, a plataforma poderá ser utilizada em qualquer distribuidora nacional, visto que será desenvolvida de acordo com os padrões regulatórios brasileiros. Os resultados do projeto apontam para a capacidade de supervisionar os itens do Sistema Elétrico conectados ao seu ponto de instalação, permitindo o acompanhamento de vários parâmetros físicos e elétricos da malha de distribuição, de forma a auxiliar na antecipação e localização de faltas e rápido restabelecimento do fornecimento energético, além do monitoramento dos parâmetros elétricos dos pontos do sistema. O retorno sobre o investimento justifica-se pela otimização das necessidades de manejo e pela redução de interrupções no fornecimento.

Pensando na prevenção e mitigação de efeitos advindos de tempestades e eventos climáticos à rede elétrica, a Energisa Sul-Sudeste iniciou na carteira de 2018 o projeto Catástrofes Climáticas, que objetiva desenvolver dois novos produtos tecnológicos para a identificação, monitoramento e alerta de eventos meteorológicos rigorosos: um novo sistema similar aos radares, porém com abrangência nacional e maior resolução temporal que os radares meteorológicos existentes; e um novo modelo meteorológico com maior resolução espacial e melhor parametrização para identificação e antecipação desses eventos severos. O projeto também pretende integrar de forma pioneira os esforços da maior parte dos agentes envolvidos no país e servirá à concessionária para melhorar seus indicadores DEC e FEC.

Pesquisa x Inovação

Fernandes divide a área de P&D da empresa em dois momentos distintos. O primeiro entre o final dos anos 1990 e 2014, quando se faziam muitas pesquisas, relatórios, estudos e trabalhos acadêmicos com universidades e centros de pesquisa. Hoje ele aponta que o setor elétrico e a companhia buscam atuar com foco maior em desenvolvimento e inovação, e menos pesquisa, através da consagração de produtos aplicáveis que gerem valores práticos e objetivos para a empresa, consumidores e sociedade, que é quem financia esses programas. “Lógico que as pesquisas seguem importantes, mas estamos redirecionando para algo mais aplicável para mensurar valor”, assentiu.

Um dos exemplos de produto aplicável foi criado entre 2014 e 2016 pela Energisa Paraíba. O projeto DLCB é como se fosse um cinto de castidade para o medidor, que evita acessos indevidos e tentativas de fraudar os equipamentos, trazendo segurança e proteção, evitando também qualquer tipo de acidente com choque elétrico. “Desenvolvemos, patenteamos e já conseguimos esse reconhecimento. Agora estamos em fase de conversas com empresas de medidores para que os equipamentos já venham com essa solução incorporada da fábrica”, comentou o executivo.

Por sua vez, o Sistema de Otimização e Manutenção de Ativos (SOMA), de 2013, teve a segunda fase encerrada em dezembro e trata-se de uma metodologia de gestão dos ativos para planos de manutenção, a partir de diversas informações técnicas, dados da rede, operação e dos próprios equipamentos. A solução permite a antecipação de possíveis falhas para uma atuação corretiva e preditiva que atua na forma do Grupo fazer a gestão dos seus ativos. “Agora vamos para a fase 3 ou SOMA 4.0, um novo sistema com todas integrações possíveis, trazendo os conceitos modernos de big data, analitics e inteligência artificial”.

Seguindo esses conceitos modernos e com intuito de atender melhor as eventuais demandas operacionais, a empresa concebeu a construção de uma subestação móvel para atendimento no Mato Grosso. O modelo é compacto e construído em cima de uma carreta, o que o diferencia de outras redes tradicionais que já tinham essa solução, mas em tamanho demasiado, o que exigia da companhia um horário determinado para funcionar nas estradas, além de batedores para conduzirem a carreta, o que hoje já não é mais necessário. “Bem mais simples, ágil, reduzindo em muito o tempo de atendimento”, avalia o especialista.

Para ele é importante estar atento a todos esses assuntos como inteligência artificial, realidade virtual, cibersegurança e a própria digitalização de todos os processos empresarias, com ações internas inclusive. “Isso está no nosso radar”, afirmou, revelando que uma gerência de transformação digital está sendo criada na empresa para englobar todos esses assuntos, que envolvem também a relação da companhia com startups, que se mostra aberta a este tipo de modelo de contratação, contando atualmente com dois casos.

Um é chamado de Desagregação de Escala de Aplicação Industrial, em que uma plataforma afere o consumo individualizado de cada carga dentro da indústria, cada tipo de motor, através de uma única medição de entrada no quadro geral. Assim aparece o que cada equipamento em funcionamento irá gerar em uma espécie de assinatura digital, e com isso se pode fazer várias avaliações, como trabalhos para eficiência energética e equipamentos que precisam de manutenção, ou que podem estar funcionando numa curva atípica de funcionamento, podendo dar problema a qualquer momento. “É um algoritmo desenvolvido que analisa os sinais elétricos na rede e enxerga como está o funcionamento das máquinas, com o consumo de energia dentro de parâmetros estabelecidos”, resumiu o responsável pela área.

O outro é uma ferramenta que verifica o comportamento típico de um sistema de armazenamento de energia quando conectado à rede, mostrando quais são os impactos e benefícios de um sistema de desse tipo na malha energética em questão, como na Geração Distribuída, apresentando quais são os efeitos, questão de perdas, ativos, controle de tensão, frequência, entre outras variantes. “É uma forma de simular e ver os benefícios da geração distribuída”.

Para adentrar ainda mais no setor tecnológico, Lenon Fernandes revelou que o Grupo Energisa vem desenvolvendo há cerca de um ano uma parceria com a Câmara de Comercialização de Israel para prospecção de tecnologia, startups e troca de experiências na área, mas fora do âmbito de P&D, tratando de inovação de uma forma geral. “Fomos em uma comitiva para Israel no final de janeiro para conhecer as tecnologias e processos empregados e posso dizer que estamos avançando nessas questões, fazendo algumas provas de conceito e analisando possíveis aplicações”, afirmou, contando que aquilo que for possível aplicar em pesquisa e desenvolvimento será feito, mas que poderá haver investimentos com recursos próprios da empresa também. “Estão todos no radar, fazendo pequenas experimentações para partir para um processo de expansão dessas novas tecnologias”, declarou.