O Cepel realizou a inspeção nas tubulações de resfriamento da Casa de Força I da Hidrelétrica Tucuruí, localizada no rio Tocantins (PA) e pertencente à Eletronorte. O objetivo foi identificar incrustações no interior dos tubos do sistema de resfriamento causadas por ferro-bactérias. Estes micro-organismos aeróbicos são comumente encontrados na água subterrânea, aumentando o processo de corrosão e incrustação.

Os pesquisadores do Centro, Aroldo José Viana Borba e Josélio Sena Buarque, responsáveis pela atividade, destacaram que a realização deste tipo de inspeção pode evitar paradas inesperadas da máquina. “Estas incrustações podem diminuir a passagem de água de refrigeração, causando um sobreaquecimento nos componentes que dela necessitam. Por outro lado, a corrosão pode reduzir a espessura da tubulação, resultando em seu eventual rompimento”, afirmaram.

De acordo com a Eletronorte, os sistemas de refrigeração da Unidade Geradora 8 da Casa de Força I da usina vinham apresentando, com frequência, sinalizações de aquecimento. Nesses casos, a limpeza mecânica nos trocadores de calor é a melhor indicação para o retorno à condição normal. No entanto, mesmo com os trocadores limpos, a temperatura seguia elevada. Então decidiu-se por  verificar as condições internas da tubulação de abastecimento da água de resfriamento do transformador da unidade.

Aroldo e Josélio constataram que a tubulação se encontrava bastante obstruída por incrustações e depósitos ferrosos. Como a inspeção e a limpeza preventiva das tubulações não fazem parte do plano regular de manutenção, surgiu a preocupação de que essa situação se repetisse em outras Unidades Geradoras da Casa de Força I.  “Realizamos também a inspeção interna nas tubulações de outras unidades para identificar e priorizar situações mais críticas para restabelecimento do fluxo de circulação da água de resfriamento”, assinalaram.

Medições de espessura por ultrassom e videoscopia

Para determinar a perda de espessura das tubulações, foram empreendidas medições por ultrassom nas Unidades Geradoras 1 a 5 e na unidade 9 da Casa de Força I e nas unidades 13 e 14 da Casa de Força II. O pesquisador Josélio afirma que nestas medições foram encontradas algumas tubulações com espessura bem próxima ao mínimo requerido.  Além disso, a Eletronorte estenderá o procedimento para todas as unidades geradoras das Casas de Força  I e II que não foram avaliadas na ocasião.

O pesquisador também realizou inspeções por videoscopia nas Unidades Geradoras 4 e 5 da Casa de Força I, que se encontravam paradas para manutenção, no intuito de verificar a presença de incrustações.  “Em maior ou menor grau, foram encontradas incrustações em todas as tubulações inspecionadas. A Eletronorte ficou de realizar uma limpeza para remover essas incrustações que poderiam estar prejudicando a vazão e, consequentemente, a troca térmica”, revelou Josélio.

Medições de vazão e temperatura

Adicionalmente, foram realizadas medições de vazão por ultrassom em alguns componentes de unidades geradoras da Casa de Força I, em operação, e algumas medições de temperatura de entrada e saída da água de resfriamento em dois sistemas da Unidade Geradora 7, com o objetivo de verificar se a redução de vazão estaria prejudicando a troca térmica.

Na avaliação do pesquisador Aroldo, todas as tubulações medidas apresentaram valores de vazão com leitura de boa confiabilidade, o que indica não haver problemas graves. “Com exceção do sistema de refrigeração do Regulador de Velocidade do Gerador, onde foram encontradas algumas leituras instáveis indicativas de incrustação leve, todas as demais medidas não indicaram problemas de incrustação das tubulações avaliadas”, comentou, ressaltando ainda que este tipo de medição, por ser não invasiva, tem como principal vantagem a realização com a máquina em operação, fornecendo indicativos para futuras inspeções mais detalhadas, como a videoscopia, que requer a parada da máquina.