A desenvolvedora de projetos renováveis Casa dos Ventos fechou um contrato de R$ 150 milhões para o fornecimento de 7 MW em energia elétrica por até 13 anos para a empresa de calçados Vulcabras, detentora das marcas Azaleia, Dijean, Olympikus e Under Armour. O contrato ainda prevê a opção de participação acionária pela titular, cuja maioria do capital social pertence à família Grendene, podendo assim se tornar um autoprodutor de energia, modelo de negócio que vem sendo adotado pela Casa dos Ventos em seus projetos destinados ao mercado livre.

Com operação comercial prevista para o segundo semestre de 2021 e investimentos na ordem de R$ 2,4 bilhões, o complexo eólico Rio do Vento, localizado nos municípios de Caiçara do Rio do Vento, Riachuelo, Ruy Barbosa e Bento Fernandes, no Rio Grande do Norte, possui potência instalada de 504 MW entre 120 aerogeradores V150 de 4,2 MW da dinamarquesa Vestas, sendo formado por oito parques, o que possibilita a negociação de contratos no ambiente de contratação livre com empresas de porte e setores diferentes.

“Criamos um modelo customizado que atende às diferentes necessidades de empresas, de eletrointensivas, como a Vale, até as que tem menos demanda de eletricidade, mas que já pensam na descarbonização de sua energia”, explicou Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos. Segundo ele a condição singular do vento da região, combinado com as economias da escala dos parques, possibilitam a condição de ofertar contratos a tarifas competitivas.

Lucas também afirmou que o complexo se tornará um dos maiores do mundo, lembrando que ainda tem capacidade de expansão e hibridização por meio da inserção da fonte solar, com previsão de ser duplicado, alcançando capacidade instalada de 1 GW.

Mercado livre de energia renovável

A viabilização de projetos renováveis por meio de contratos corporativos é uma tendência que vem se comprovando no Brasil, com um considerável número de empresas adquirindo energia renovável pelo desenvolvimento sustentável e descarbonização de suas atividades. Segundo relatório da consultoria Bloomberg New Energy Finance (BNEF), em 2019, o fornecimento ativo de energia limpa pelo mercado livre deu um salto de 384% no país, atingindo 640 MW.

“Além da tendência crescente com metas de sustentabilidade, o custo da fonte eólica atingiu um patamar que essa alternativa já se torna a melhor também do ponto de vista econômico”, explicou Araripe, afirmando que a companhia quer democratizar o acesso a empresas que buscam uma transição energética limpa com inteligência e eficiência.

A previsibilidade em contratos de prazos mais longos também é um atrativo de investimentos, que se protegem das volatilidades de preço. Além de Rio do Vento e sua expansão, a companhia opera o Complexo Folha Larga Sul na Bahia, onde também desenvolve um terceiro projeto de 350 MW, mirando e estratégia de contratos corporativos de longo prazo.