Mais uma vez a busca por sinergias foi a estratégia que ajudou no lance para três dos cinco lotes colocados em disputa no leilão de transmissão de quarta-feira. Tanto que o menor deságio foi de 54,35% nesse grupo de ativos. A MEZ Energia e a Energisa apontaram essa possibilidade como a forma de oferecer lances agressivos e que ajudaram a levar o desconto médio do certame a 48,12%.
Segundo o CEO da MEZ Energia, Maurício Ernesto Zarzur, a empresa estava mais seletiva nesse leilão e conseguiram alcançar os dois lotes que estavam em seu radar. A avaliação, conta ele, estava sobre os projetos que faziam sentido à atual carteira de empreendimentos que a companhia está tocando. “A possibilidade de sinergia foi mais forte, temos empreendimentos no Centro-Oeste e o lote 3 é uma obra que já conhecemos, então faz sentido, já em São Paulo temos dois lotes que estão próximos e, por isso, podemos aproveitar as sinergias de O&M”, apontou o executivo.
Agora a MEZ Energia, que foi a maior vencedora do leilão de dezembro de 2020, deverá manter seu posicionamento de maior conservadorismo e buscar avaliar um número menor de lotes para os próximos certames. Segundo Zarzur, a sinergia continuará no foco da empresa que tem, com mais esses dois empreendimentos, R$ 3,4 bilhões em compromissos de investimentos tomando como base o banco de preços da Aneel.
Vencedora do lote 4, o primeiro a ser colocado em disputa, a Energisa destaca que há sinergia entre o projeto leiloado nesta oportunidade e outras instalações naquela mesma subestação. Além disso, haverá sinergia operacional, dado que há estrutura de O&M da Energisa Soluções para atendimento da subestação. “O escopo do lote 4 inclui a implantação de unidades de transformação de 230/138 kV com 200 MVA e um novo pátio de 138 kV no qual se conectará a Energisa Tocantins Distribuidora, trazendo mais segurança e confiabilidade para o sistema elétrico na região”, aponta a empresa.
Este é o sexto lote de transmissão que a Energisa desde 2017, quando começou sua incursão no segmento. Em dezembro do ano passado, a empresa arrematou o lote 11, situado no Amazonas, por R$ 63 milhões. Outros dois, no Pará e em Goiás, começaram a operar em 2020 e somaram investimentos de R$ 549 milhões. A Energisa ainda possui mais dois lotes que estão em construção. O 19, também situado no Pará, foi adquirido em 2018 com uma RAP de R$ 51,9 milhões, em valores atuais. Enquanto o lote 4/2018, entre a Bahia e o Tocantins foi levado por R$ 66,1 milhões e inclui a construção de 772 quilômetros de linhas de transmissão.
A EDP foi o destaque ao ficar com o maior dos projetos em disputa e em uma nova região para a empresa. A receita anual permitida ofertada é de R$ 38,6 milhões, através da construção de 350 quilômetros de redes de transmissão e uma subestação. Com a aquisição do novo lote, a EDP chega a 1.924 quilômetros em seu portfólio de transmissão.
Em comunicado, o presidente da EDP Brasil, João Marques da Cruz, aponta que o segmento de redes (Transmissão e Distribuição) é uma das prioridades para o crescimento da companhia no país nos próximos anos. A aquisição do Lote 1, por meio do leilão da Aneel, demonstra a execução do Plano Estratégico 2021-2025, o qual prevê o investimento de R$ 10 bilhões nos principais segmentos de atuação da EDP no Brasil. O executivo reforçou a perspectiva de antecipação da entrega de obras.
No total, a EDP já investiu R$ 3,6 bilhões em transmissão, representando 83% de execução do capex total. Serão R$ 4,3 bilhões até o fim de 2021 para a construção de mais de 1,5 mil quilômetros de linhas e de sete subestações nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Espírito Santo.
Além disso, houve ainda uma estreia no leilão com a chegada de mas uma chinesa que arrematou um projeto no país, a Shanghai Shemar Power, que arrematou o lote 2, no Rio de Janeiro. Apesar desta não ter sido a primeira vez que a companhia disputa um certame no país.
De acordo com o diretor de licitações da empresa, Henrique Oliveira, a primeira vez foi no leilão de dezembro do ano passado, visando o lote 1, ficando em terceiro lugar. Como a vencedora na ocasião, a Agronegócio Alta Luz foi desclassificada, a State Grid, por ser a segunda colocada assumiu o ativo no estado de Goiás.
Segundo o executivo há uma equipe que está no Brasil avaliando os projetos uma empresa que pratica o que o mercado faz por aqui. Indicando assim que esta deverá ser apenas a segunda de outras participações da companhia.
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