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Iniciado em agosto de 2019, o projeto de Pesquisa & Desenvolvimento da Copel que analisa um novo ambiente virtual para a comercialização direta de energia elétrica entre consumidores e os chamados prosumidores, no âmbito da Geração Distribuída (GD), foi finalizado neste mês pela companhia, em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (Cpqd).

Em entrevista à Agência CanalEnergia o Engenheiro Eletricista e Gerente de P&D do projeto pela estatal paranaense, Frank Toshioka, disse que a ideia agora é avançar na cadeia de inovação com os resultados obtidos, a partir de evoluções na possibilidade da comercialização descentralizada de energia proveniente da GD e utilizando a tecnologia de blockchain para segurança das operações.

“Normalmente comercializamos o canal de consumo e a proposta foi avançar na geração para atingir os prosumidores”, ressalta, afirmando que diversas alterações foram realizadas ao longo da pesquisa, que levou em novembro a premiação prata na categoria Descentralização da Comissão de Integração Energética Regional (CIER) e bronze na disputa internacional.

O modelo utilizado para avaliação foi o chamado estático, pegando um caso base da distribuidora a partir de um alimentador contendo as unidades consumidoras por GD. A partir disso os pesquisadores começaram a realizar algumas simulações na mircrorrede que possibilitaram melhorias na parte do modelo envolvendo os agentes e a concepção de um marketplace descentralizado.

“Você entra nesse marketplace com reais (moeda) e compra um e-token para participar do ambiente de negociação de compra e venda de energia. É mais ou menos como se fosse um leilão da Bovespa, mas nosso modelo não é feito de forma real e online”, destaca Toshioka. Os aprimoramentos também levaram em conta questões regulatórias e comerciais, mesclando parte do mercado centralizado do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) apurado pela CCEE.

Executivos da Copel receberam bronze no prêmio CIER internacional em novembro (Copel)

Um dos recursos utilizados foi a plataforma R3 Corda, criado pela R3 Financeira em 2017 inicialmente com foco em transações seguras de ativos digitais apenas entre as organizações interessadas. Para isso garante que apenas os agentes da transação recebam cópias dos dados e executem o negócio. Hoje seu propósito foi expandido para além do setor financeiro como uma plataforma para realizar transações de ativos digitais em geral com alto nível de privacidade.

Para Frank Toshioka, outro cerne interessante do P&D foi explorar as medições SMS, o sistema de verificações para faturamento e processamento dos dados feito diariamente da meia noite até a janela das 10h pela CCEE e utilizados também pelo ONS. “Em analogia com a CCEE criamos esse mesmo modelo podendo transacionar no dia seguinte e configurando nossa janela com durações de 15, 30 e 60 minutos, de acordo com a configuração do sistema”, explica.

Segundo o especialista, a ideia é substituir o modelo estático e processamento dos dados no dia seguinte para trabalhar com medições em tempo real, com a empresa avançando em questões relacionadas ao ADMS – uma definição de mercado para um sistema único e integrado entre SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition), DMS (Distribution Management System), OMS (Outage Management System) e EMS (Energy Management System) – e pretendendo explorar esse e outros potenciais na eventual continuidade desse projeto.

“O sistema tem que refletir a rede das concessionárias em tempo real, esse é o avanço que pretendemos”, pontua.

Toshioka também destacou que a área técnica do P&D pretende realizar outros projetos sobre o assunto, sobretudo após a Aneel seguir deliberando novos sandboxes regulatórios, como um recente relacionado a questão das tarifas dinâmicas. “A ideia é sair desse ambiente de laboratório e ir para o mundo prático”, afirmou, lembrando que seguir com novos projetos na área depende ainda de reuniões e decisões da área executiva da companhia.

Companhia cria criptomoeda energética

Sobre o blockchain, Toshioka reitera que a tecnologia é muito utilizada no mundo das criptomoedas e que seu grande trunfo é poder ter um cenário descentralizado com bastante segurança nas transações através de técnicas criptografadas e assinaturas digitais que permitem o registro das operações. “Inclusive criamos uma criptomoeda energética no nosso sistema”, destacou.

Basicamente blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas, como blocos de dados que formam uma corrente.

Para os prosumidores, essa rede deve proporcionar formas mais rentáveis de remunerar o excedente de energia injetada no sistema de distribuição, o que tende a impulsionar a expansão da GD. Já aos consumidores a iniciativa significa uma oportunidade de adquirir energia renovável em um ambiente competitivo e economicamente mais sustentável.

P&D também motivou publicação com dados e resultados sobre o marketplace avaliado (Copel)

Na visão do Gerente do projeto de P&D, o modelo apresentado pela Copel pode trabalhar alinhado ao modelo regulatório brasileiro e contribuir para sua modernização. “Levantar dados de operação para subsidiar a análise da viabilidade econômica, propor um modelo de governança alinhado com a estrutura do setor elétrico nacional e identificar os aprimoramentos regulatórios e comerciais necessários para o debate regulatório com os demais agentes do setor”, acrescenta Frank Toshioka.

Além de oferecer os benefícios citados acima, o marketplace proposto pode fomentar a expansão sustentável da GD e das fontes renováveis, incentivando a instalação de sistemas de maior porte, além de reforçar a proposta de sustentabilidade que têm norteado a evolução dessa modalidade de geração ao longo dos anos. Atualmente o Paraná conta com 35.776 unidades consumidores de GD segundo dados da Aneel, quase o triplo em relação a 2020, quando registrava 11.960 unidades. Já a atual potência representada no estado é de 427,9 MW.

Projeto virou livro

No final do projeto a equipe técnica teve a ideia de elaborar uma publicação com os principais resultados e o modelo de avaliação. Dividido em quatro partes entre 250 páginas, Marketplace Blockchain para Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente de Geração Distribuída traz a contextualização da iniciativa, apresentando o modelo de operação do marketplace e detalhando o processo de construção da infraestrutura da rede blockchain, além de especificar os resultados alcançados na pesquisa.

“Com 250 páginas, o livro propõe contribuições a serem reconhecidas pela comunidade científica, pelas consultorias especializadas e por empresas de energia que têm desenvolvido estudos de prospecção e pilotos relacionados ao tema”, afirma Toshioka no prefácio da publicação pela Synergia Editora e que deve estar disponibilizado em breve para o público.