A Ocean Winds, joint-venture formada entre a Engie e a EDP Renewables dedicada à geração de energia eólica offshore, tem a expectativa de por volta de 2030 já ter projetos da fonte em operação no Brasil. Em entrevista à jornalistas durante o Brazil Offshore Wind Summit 2022, o Business Development Manager da OW para o Brasil, José Partida, revelou que hoje um 1 GW da fonte equivale de R$ 13 bilhões a R$ 16 bilhões, embora exista a previsão de queda de preços em decorrência de novas máquinas com mais potência.

A OW licencia cinco novos projetos offshore com uma capacidade total de 15 GW no Brasil, localizados no Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A OW está buscando licenciamento com o Ibama para os projetos Vento Tupi (1 GW), Maral (2 GW), Ventos do Atlântico (5 GW), Tramandaí offshore (700 MW), e Ventos do Sul (6,5 GW). Segundo Partida, a forte competição desse mercado motivou a criação da joint venture, que reúne dois players tradicionais na geração de renováveis. No mundo são 1,5 W em operação e construção.

Para o executivo, no primeiro momento a eólica offshore será mais cara no Brasil, por não ter ainda a cadeia que permite a competitividade. Segundo ele, há diferentes tipos de demanda para as eólicas offshore, com hidrogênio verde no Nordeste e grandes consumidores no Sudeste. Ele considera a transmissão de energia com um desafio, em especial no Nordeste, que disputa a conexão com muitas eólicas e solares. “É importante ter um planejamento de transmissão que inclua o potencial da eólica offshore”, avisa.

José Partida, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Ocean Winds para o Brasil

Ele acredita que para que no futuro a fonte fique mais barata e tenha forte redução de custos, o momento de desenvolvimento é agora. Assim, a cadeia de suprimentos pode desenvolver e os projetos podem se diversificar, como a opção de destinação para o hidrogênio verde. “Por ser uma tecnologia nova, é importante que o H2 verde se posicione no primeiro momento”, salienta. A intermitência da offshore seria menor que a da onshore e não chega a assustar. O armazenamento também é visto como outro ponto importante no futuro.

A empresa já tem projetos na França, Bélgica, Espanha, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos e Coréia do Sul. A Joint venture tem ainda parcerias em países com Lituânia e Grécia. O executivo considera que o Brasil estava em um ritmo de criação da regulação menor que países em que a fonte já se desenvolveu. Isso acontece devido à falta de pressão por novas fontes de energia, ao contrário do que acontece na Europa. Mas ele deixa claro que o último ano foi muito bom , com muitas discussões entre os agentes e avanços. “A regulação agora está em um ritmo bom.”, frisa.

De acordo com ele, o leilão de cessão do uso público é uma parte fundamental no processo. No ano que vem esse tipo de certame já poderia ser realizado. Essa parte é considerada importante, porque como ainda não há a regulação, há a insegurança, já que quem está fazendo os estudos não sabe se terá algum tipo de direito ou reembolso sobre o valor investido, que podem beirar os US$ 100 milhões. “Essa incerteza torna difícil fazer investimentos muito grandes que tem que fazer em eólicas offshore”, explica.