A Copel, assim como outras distribuidoras de energia, está de olho no mercado de geração distribuída e pretende apostar nesse segmento ainda em 2022. “Estamos vendo um movimento muito grande nesse sentido e estamos estudando uma forma de atuação também nesse segmento”, disse o CEO da Copel, Daniel Slaviero.

O CEO da companhia afirmou que a geração distribuída sem dúvida nenhuma para qualquer empresa integrada de energia elétrica faz parte, porém o negócio tem que ser estruturado. “Enxergamos tanto uma oportunidade defensiva da migração dos clientes que estão na nossa base no Paraná, mas também como uma oportunidade que possa surgir em outras unidades da federação. Esperamos logo anunciar não só uma estruturação, mas já as primeiras oportunidades no segmento de geração distribuída considerando também toda a previsão de crescimento que a EPE está dando no plano decenal de energia”, ressaltou Slaviero, durante teleconferência com investidores realizada nesta quarta-feira, 10 de agosto.

A Copel registrou prejuízo líquido de R$ 522,4 milhões no segundo trimestre de 2022, uma queda em relação ao lucro líquido de R$ 957,0 milhões registrado no 2T21, ocasionado pelos efeitos da Lei 14.385/2022 com a provisão para destinação de créditos de PIS e Cofins com efeito líquido de R$ 1,202 bilhão no resultado do trimestre. “Esse questionamento da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins é uma discussão longa e a Copel continuará avaliando todas as medidas cabíveis, inclusive judiciais, considerando a proteção conferida à coisa julgada, bem como os prazos de prescrição e decadência aplicáveis”, explicou o CFO da Copel, Adriano Rudek Moura.

Já o EBITDA ajustado, excluídos os itens não recorrentes, atingiu R$ 1,499 bilhões no 2T22, montante 9,4% superior aos R$ 1.371 bilhão registrados no 2T21. Esse aumento deve-se, sobretudo, ao resultado dos ativos de geração e transmissão, parcialmente compensado, principalmente, pelo desempenho da UTE Araucária, que não registrou despacho no período. Com isso, a receita operacional líquida totalizou R$ 5,258 bilhões no 2T22, redução de 3,1% em relação aos R$ 5,427 bilhões registrados no 2T21.

Copel Geração e Transmissão

A Copel GeT apresentou um EBITDA consolidado de R$ 1,035 bilhão no 2T22, uma redução de 2,9% em relação aos R$ 1,065 bilhão do 2T21. Excetuando-se os efeitos extraordinários, relativos ao registro de impairment de R$ 34,5 milhões no 2T22, ante a reversão do impairment de UEGA em menos R$ 138,8 milhões no 2T21, e o decréscimo de R$ 16,7 milhões em provisão por desempenho e participação nos lucros relativo aos efeitos da Lei 14.385/2022 sobre a devolução dos créditos de PIS/Cofins, o EBITDA ajustado da Copel GeT apresentou aumento de 11,9% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.

No 2T22, a Copel GeT registrou lucro líquido de R$ 503,7 milhões, redução de 25,4% em relação ao verificado no 2T21. Esse resultado reflete, principalmente a ausência de despacho da UTE Araucária e o resultado financeiro negativo em R$ 180,0 milhões em 2T22, ante R$ 94,1 milhões negativo registrado no 2T21, decorrente do incremento com encargos da dívida.

Copel Distribuição

Do lado de distribuição, o EBITDA ajustado da Copel Distribuição foi de R$ 337,1 milhões no 2T22, resultado 10,6% abaixo do registrado no 2T21. Esta redução deve-se, principalmente, ao aumento dos custos com material, serviços e outros custos operacionais (MSO), parcialmente compensada pela redução dos custos com pessoal e administradores (P) e pelo crescimento do mercado-fio no período, valorado pelo efeito médio de um aumento de 8,73% nas tarifas de uso do sistema de distribuição (TUSD), resultado da 5ª revisão tarifária periódica da companhia.

Os montantes provisionados para destinação de crédito de PIS e Cofins afetaram negativamente o resultado da Copel Distribuição, que registrou um prejuízo de R$ 1,007 bilhão no trimestre e de R$ 779,7 milhões no acumulado do ano. Excluindo os efeitos não recorrentes, a Copel apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 169,2 milhões no 2T21 e de R$ 365,9 milhões no acumulado do ano.

Copel Mercado Livre

No 2T22, a Copel Mercado Livre apresentou EBITDA ajustado de R$ 21,2 milhões, montante 11,2% superior aos R$ 19 milhões registrados no 2T21, reflexo, principalmente, do aumento de 6,3% no volume de energia vendida, impactada pelo crescimento da venda para consumidores livres em 41,9% e contratos bilaterais em 12,4%.

“A comercialização de energia do grupo nesse segmento tem forte potencial de crescimento sustentável e com várias capturas de oportunidade de mercado, é uma agenda muito positiva. 2022 é sem dúvida um ano desafiador considerando a volatilidade dos preços de energia”, ressaltou o CFO da companhia, Adriano Rudek Moura.

O aumento significativo do volume de energia vendida entre os trimestres proporcionou acréscimo de receita operacional líquida em 17,9%, passando de R$ 987,4 milhões no 2T21 para R$ 1,164 bilhão no 2T22. Este resultado foi parcialmente compensado pela elevação dos Custos e Despesas Operacionais em 19,8%, com destaque para o aumento de R$ 187,6 milhões (19,9%) na aquisição de energia elétrica para revenda entre os períodos.

O lucro líquido no 2T22 foi de R$ 22,4 milhões, uma redução de 16,9% em relação aos R$ 27 milhões do 2T21. Desconsiderando os itens não recorrentes nos períodos, o lucro líquido ajustado foi de R$ 19 milhões, montante 27,7 % maior comparado ao mesmo período do ano anterior de R$ 15 milhões.

Investimentos

Os Programas de Investimentos seguem seus cronogramas em cada projeto de desenvolvimento e, no acumulado do ano, 59,5% dos investimentos previstos foram realizados. Destaca-se que o montante de R$ 114,5 milhões realizados em 2T22 para o Complexo Eólico Jandaíra é decorrente da antecipação do projeto para entrada em operação.

“Estamos investindo em novas tecnologias, na revisão de processos, ferramentas, enfim, investimentos prudentes que nós já estamos começando a ver os impactos positivos e isso vai continuar na nossa agenda. Inclusive a antecipação de projetos como o complexo da eólico de Jandaíra que já está bem avançado e estamos focados na conclusão dele. Também estamos realizando investimentos prudentes na DIS, principalmente no programa transformação que também inclui o Paraná Trifásico e o Smartgrid. Apenas lembrando que o investimento previsto para 2022 não comtempla aqui eventuais oportunidades de novos negócios. Vamos esperar novas oportunidades sejam brownfields ou greenfields para os quais estamos analisando”, afirmou o CFO.

Pagamento de Dividendos

No dia 30 de junho de 2022, conforme deliberado pelo Conselho de Administração na 227ª Reunião Ordinária realizada em 15 de junho 2022, e em consonância com a Política de Dividendos, a Companhia realizou o pagamento de R$ 1,368 bilhão, a título de proventos adicional do Exercício de 2021 e R$ 283,1 milhões referente à dividendos intermediários do exercício de 2021, sob a forma de Juros sobre Capital Próprio – JCP, totalizando R$ 1,651 bilhão.

Com relação a dividendos, o CEO da Copel, Daniel Slaviero, afirmou que existe a possibilidade de dividendos extraordinários, mas que vão ser analisados ao longo do terceiro trimestre. “Nossa política de dividendos prevê dois eventos anuais e nós sempre tratamos isso no terceiro trimestre de cada ano, mas eu antecipo que ela prevê também a possibilidade de dividendos extraordinários”, disse.

Compagas

O CEO da companhia também afirmou na teleconferência que houve pequenos atrasos no prazo final do processo de renovação da concessão da Compagas. “Considerando o processo eleitoral agora em 2022, não vemos interesse em vender a nossa participação, apenas em 2023”, finalizou.