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O Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) iniciaram um estudo para avaliar como as mudanças climáticas devem ser incorporadas ao planejamento da matriz elétrica brasileira no futuro. A iniciativa também contará com apoio da PSR e a Tempo OK, e tem previsão de conclusão para junho de 2025. O objetivo é apoiar o processo de integração das renováveis e eficiência energética ao Sistema Interligado Nacional.
Intitulado “Impactos das Mudanças Climáticas no Planejamento da Geração de Energia Elétrica”, o projeto integra as ações da Cooperação Brasil – Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com recursos do Ministério Federal para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento da Alemanha (BMZ).
O levantamento irá simular os impactos de cenários futuros de mudanças climáticas sobre o sistema elétrico brasileiro, analisando como alterações nas variáveis de precipitação, temperatura, irradiação solar e vento poderão impactar o planejamento e a operação. Como recursos, serão utilizadas projeções climáticas de modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
O principal resultado esperado é um diagnóstico detalhado de como a matriz elétrica se comportará diante de diferentes realidades climáticas, possibilitando um planejamento mais resiliente e adaptado às futuras condições. Além disso, a ideia é abordar também aspectos sociais importantes, como a pobreza energética e a transição justa e inclusiva, especialmente em regiões vulneráveis, como o Nordeste.
Metodologia
De acordo com o consultor técnico da EPE, Gustavo Ponte, a iniciativa surgiu a partir da ideia de revisitar o estudo de Integração de Fontes Variáveis Renováveis na Matriz Elétrica do Brasil, publicado em 2020. “Desta vez, são introduzidas novas variáveis, com o objetivo de avaliar a resiliência do sistema elétrico em diferentes cenários projetados no âmbito do CMIP6 do IPCC, o que inclui a avaliação de alterações no consumo de energia elétrica e nos recursos energéticos renováveis”, comenta.
Partindo de um cenário em que a demanda elétrica seja igual ao dobro da atual, serão utilizados modelos computacionais de planejamento da operação energética de médio e longo prazo (SDDP) e de planejamento da expansão energética (OptGen) para a determinação de cenários de expansão da oferta de energia para o atendimento dessa demanda.
Em seguida, a partir de três matrizes futuras possíveis, com diferentes composições de fontes e tecnologias, essas ferramentas permitirão realizar simulações operativas do Sistema Interligado Nacional (SIN) considerando os impactos das mudanças climáticas.
A consultoria PSR, responsável pela condução do estudo, destaca que um dos principais aspectos é o desenho de um ambiente para o planejamento energético que incorpore os impactos das mudanças climáticas, explicitando suas incertezas. Será uma construção coletiva de novas metodologias e processos.
“A solução extrapolará a vigência desse projeto e será um legado importante para o planejamento do setor elétrico”, analisa o diretor executivo da PSR, Rafael Kelman. Para ele, o ambiente construído a muitas mãos também estará apto para se beneficiar dos avanços da ciência climática.
Por sua vez, a Tempo OK destacou a importância da pesquisa para a resiliência do setor elétrico em um contexto no qual os eventos extremos estão se tornando mais frequentes e as variações meteorológicas, mais intensas. Inclusive modelos de machine learning devem ser utilizados para ajustar, refinar e reduzir as incertezas nas projeções climáticas, que podem contribuir para a precisão do estudo.