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A EDP tem uma previsão de investir R$ 12 bilhões no Brasil nos próximos 5 anos, metade desse valor em distribuição e a outra parcela em transmissão. Mas esse volume de recursos pode ser mais elevado ainda, pois a empresa está aberta a aumentar sua exposição ao segmento de distribuição no Brasil por meio de aquisição de alguma concessionária que eventualmente for colocada à venda. Contudo, a meta da empresa é de não ultrapassar o teto de 20% de seu ebitda global originado no Brasil.
Segundo o CEO da EDP para a América do Sul, João Marques da Cruz, com a atual desvalorização do real ante os mercados internacionais a companhia obteve uma folga maior para esse limite estabelecido. Antes, estava bem próximo. Ele não quis comentar nomes de empresas que poderiam estar no radar da companhia. A companhia possui a concessão de duas distribuidoras a EDP ES e a EDP SP, que atua em cidades da Grande São Paulo, litoral e Vale do Paraíba. Além disso, possui quase 30% de participação do capital total na Celesc. A Eletrobras possui outros 10,75% na empresa catarinense.
Quando da decisão tomada, explicou ele, a empresa precisará fazer uma avaliação para verificar como se dará o financiamento da operação de aquisição e que não está nessa previsão de até R$ 6 bilhões em distribuição. Ele relaciona como possíveis fontes de captação de recursos, capital próprio e de terceiros quando tiver a tomada de decisão pela compra.
“Temos de R$ 5 a R$ 6 bilhões para investimento em distribuição, mas há uma frente de expansão não orgânica e não está na conta. Vamos analisar as oportunidades disponíveis para aumentar nossa exposição em distribuição”, revelou o executivo a jornalistas em entrevista coletiva na sede da empresa em São Paulo. “O Brasil é muito importante, mas não queremos exposição superior de 20% do nosso ebitda apenas em um mercado. Com a desvalorização do real ganhamos uma folga”, pontuou.
A EDP possui atuação em 30 países, mas está de saída de 10 regiões de menor porte. O Brasil está entre os maiores ao lado de Portugal, Estados Unidos e Espanha. Em momentos, disse o executivo, pode ficar em segundo ou até primeiro lugar.
A estratégia da companhia nos próximos cinco anos está centrada no desenvolvimento de redes e resiliência das distribuidoras. O valor projetado para cada uma das concessionárias é de cerca de 50% dos até R$ 6 bilhões, podendo variar um pouco. “Inclusive nos reunimos com o governador do Espírito Santo recentemente e asseguramos que mesmo sem a assinatura do contrato de renovação vamos investir um volume recorde de recursos no estado, isso mostra nosso comprometimento com o Brasil”, assegurou Cruz.
Esse aporte, lembrou ele, mostra a confiança da companhia na renovação do contrato de concessão na distribuidora capixaba, a primeira da lista que terá seu vencimento nessa segunda tranche de encerramento de vigência, em julho de 2025. A EDP espera assinar o acordo com o governo federal entre abril e maio. No Espírito Santo, a meta da empresa é de expandir o sistema trifásico, principalmente no interior e reduzir o número de regiões que estão conectadas por meio de apenas uma linha e que, portanto, são mais vulneráveis a questões climáticas.
Outros dois pontos no segmento de distribuição foram avaliados pelo executivo como importantes. O primeiro é a redução de subsídios colocados na conta de energia e que não estão relacionados à eletricidade. Para ele, se o país quiser abrir o mercado livre a todos é necessário rever esse ponto. O segundo item é a necessidade de melhorar os índices de qualidade de fornecimento. “No Brasil, a média que o consumidor fica sem energia está em 11 horas”, disse ele citando dados da Aneel. Nos Estados Unidos esse indicador é de 5,5 horas, ou seja, metade do tempo por aqui. “Estamos melhor do que há 10 anos, mas esses indicadores precisam melhorar”, comparou.
Outros negócios
O segundo segmento que merece atenção da subsidiária portuguesa é transmissão. Apesar de ter um valor equivalente à distribuição para o período de 5 anos, Marques da Cruz reforça que esse montante é apenas uma previsão, pois ainda depende muito do desempenho da empresa na disputa em leilões.
“Os leilões que temos no radar não são enormes e nem pequenos, não devem passar de R$ 1,5 bilhão e nem serem menores. O lote ideal deve ter capex na casa de R$ 1 bilhão”, detalhou ele.
Já em geração, a empresa continua com a meta de vender duas UHEs na Amazônia, Santo Antônio do Jari (AP, 373,4 MW) no rio Jari, e Cachoeira Caldeirão (AP, 219 MW) no rio Araguari. A empresa possui 50% dos dois ativos em conjunto com a CTG Brasil, que também colocou sua parcela à venda. A meta é usar os recursos para reinvestir no Brasil, faz parte do processo de reciclagem de capital, conceito que a empresa vem aplicando no país há alguns anos e vale também para ativos de transmissão.
Em termos de novas capacidades de produção de energia, a EDP mantém as obras de um parque solar e três eólicos no Brasil. Contudo, a avaliação do executivo é de que atualmente não há atratividade nesse segmento diante do curtailment e dos preços de energia.
Por outro lado, a empresa diz que o segmento de baterias pode ser um caminho a expandir sua atuação devido a sua expertise em outras localidades, inclusive na área de atuação do CEO, que é a América do Sul, com projetos no Chile que estão em andamento. E ainda estão no radar da empresa a continuidade da expansão do mercado livre e o aporte em sistemas de geração distribuída. Já o hidrogênio verde deverá demorar para entrar no portfolio da companhia, a EDP diz que ainda faltam projetos rentáveis no Brasil, mas que subsídios e incentivos podem ajudar a mudar essa situação.