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A visão do futuro do setor elétrico nacional passa pelo gás natural como a fonte de transição energética do país. Apesar da ampla presença das fontes eólica e solar, que vem dominando os leilões de energia nova da Aneel, estas não funcionam sozinhas, é necessário energia firme para garantir o atendimento da demanda. E nas discussões de como descarbonizar a economia do país um dos caminhos é eletrificar a matriz, deixando de lado os combustíveis fósseis, inclusive por tradicionais empresas de óleo e gás.
Segundo a presidente adjunta da Neoenergia, Solange Ribeiro, a complementariedade de geração com as renováveis é muito importante para a segurança do fornecimento. A executiva participou nesta quinta-feira, 5 de setembro, do Seminário CEBDS Visão 2050: o futuro é feito agora, promovido em São Paulo.
Esse caminho vem sendo seguido por outras empresas, inclusive, grandes corporações tradicionais no segmento de exploração e produção de petróleo e gás, dentre elas a Shell. A empresa vem aportando recursos nas fontes renováveis tradicionais não apenas aqui no país, mas no mundo como um todo. Segundo o CEO da companhia no Brasil, André Araújo, a organização vem trabalhando com cenários futuros a mais de 40 anos. E possui metas de redução de emissões de carbono dos produtos que comercializa em todo o mundo.
Especificamente sobre o gás natural, ele lembrou que a visão da empresa é de que o combustível é há muito tempo um insumo indutor dessa transição energética rumo à renovável, que ampliará sua presença na matriz elétrica como um todo. Contudo, lembrou que a estimativa é de que o pico no uso do petróleo ainda não chegou, segundo as contas da Shell esse momento deverá ocorrer em 2030 ou antes ainda. Ou seja, o energético ainda continuará a ser utilizado até porque há setores que a tecnologia ainda não proporcionou a troca desses insumo por outro.
“Não há nenhum conflito em desenvolvimento de gás e de renováveis e, seguramente, vão trabalhar juntos. Até porque o país tem grandes reservas de gás, parte dele especificamente associado ao óleo do pré-sal, então precisamos dar um destino. Na nossa empresa vamos buscando projetos olhando esse ambiente de crescimento, inclusive nas renováveis”, disse ele em sua participação.
Araújo disse ainda que a companhia está está ativa nas fontes renováveis em todo o mundo. Aqui dentro, comentou ele, os passos ainda são iniciais dentro dessa transição no qual o gás natural é parte. Nesse sentido, ele destacou que a empresa iniciou o investimento junto ao Pátria e à Mitsubishi na térmica Marlim Azul, em Macaé (RJ). Além disso, está com um time forte em novos negócios buscando projetos competitivos.
Quando questionado especificamente sobre novos projetos que estão no radar da companhia ele desconversou, “só o tempo vai dizer, é tipo leilão, só se sabe no dia”.
Em termos globais, comentou, a Shell investe cerca de US$ 30 bilhões ao ano, desse valor a companhia tem aplicado algo como US$ 3 bilhões em pesquisa e inovação. Os aportes têm ocorrido na fonte solar, produção eólica offshore e com a proximidade da atividade da companhia, no abastecimento de veículos elétricos no Reino Unido e na Holanda. “Para nós os investimentos em óleo e gás é que vai financiar a nossa mudança para outros setores, como as novas energias”, definiu. “A nossa capacidade de financiamento de novos projetos vai existir a questão é de escolha desses projetos que é um dos maiores desafios pela quantidade que está disponível”, acrescentou.