O projeto de microgrid da AES Tietê Energia avança no mercado local. A empresa realiza testes em um cliente para ações de eficiência energética e já sinaliza com a introdução de um sistema de baterias para reduzir do custo nessa instalação. Esse caminho começou a se delinear com o final do projeto de P&D da Aneel na UHE Bariri, onde a empresa havia instalado um sistema de armazenamento para estudar o impacto dessa unidade para o sistema interligado. Agora que o projeto terminou a bateria foi transferida para o centro de operações da empresa, localizado em Bauru (SP), para estudos de comportamento desse sistema no chamado ‘behind the meter’.
“A gente começou a ver a necessidade da inserção da bateria no microgrid depois de ver o comportamento do cliente, a forma de gestão e o consumo, então observamos que há momentos em que o uso da bateria pode ser interessante. Não temos a aplicação de bateria no cliente, fizemos a movimentação de Bariri (UHE) para testes no Coge. Obviamente a bateria que será aplicada no cliente é menor, mas a inserção dentro do microgrid é importante começar a criar algoritmos e aplicar esse sistema no cliente e consequentemente reduzir o custo da energia”, comentou o CEO da AES Tietê Energia, Ítalo Freitas após sua participação no Smart Grid Forum 2019.
Essa alteração de localização da bateria já estava prevista quando terminasse o P&D conduzido no interior paulista. Como resultado, explicou o executivo o uso do dispositivo foi importante para analisar o comportamento no SIN. Apesar de pequena e de impacto regional foi possível verificar sua efetividade naquela região que é um grande centro de produção sucroalcoleira e gera muita instabilidade no sistema por ter o uso de muitos motores.
“Deu para ver o perfil de entrada de bateria no sistema, seu comportamento equilibrou o sistema alinhando a frequência e outras questões técnicas foram avaliadas”, disse ele. “Em Bariri tivemos a oportunidade de verificar os dados fora do medidor, seu uso no SIN, agora no Coge, vai para o ‘behind the meter’ e poderemos avaliar seu comportamento dentro de um sistema fora do sistema interligado”, apontou.
Freitas destacou que o uso da bateria por geradores não demanda uma regulamentação quanto a esse dispositivo quando comparado ao seu uso em transmissoras ou distribuidoras. Para ele, a regra não é tão primordial assim depende mais de uma questão de preço. Ele toma como base a experiência da AES no Havaí onde uma subsidiária da companhia norte-americana inseriu um sistema dessa natureza junto a uma fazenda solar naquela região. E a tendência com a tarifa binômia e até mesmo o preço horário serão fomentadores para a introdução desse novo dispositivo no país.
“Até a chegada dessa nova regulação os preços das baterias estarão menores ainda do que temos e com isso aproveitar mais ainda suas características de atender a demanda de ponta e o chamado peak shaving“, destacou.
Em sua participação no evento, Freitas defendeu a liberação da usina virtual no país no âmbito do processo de modernização do setor elétrico. Ele ressaltou que esta é uma ferramenta para a resposta da demanda interessante para o mercado livre. E ainda, representa uma forma de atribuir mais segurança para o setor elétrico brasileiro, principalmente, com o avanço das renováveis e sua intermitência natural.
“Esperamos que a usina virtual seja contemplada na modernização do setor elétrico. Estamos trabalhando para que esse modelo seja habilitado como um novo negócio, pois trará maior eficiência já que necessitamos de flexibilidade no sistema”, argumentou ele, citando outro exemplo da AES, dessa vez na cidade de Boulder, no estado norte-americano do Colorado. O executivo destacou que essa figura é essencial para o sucesso do varejista no país.