A Brasil Solair aposta na locação de painéis fotovoltaicos e acessórios para crescer no mercado de autoprodução de energia elétrica. O modelo de negócio foi a solução encontrada para aproveitar a oportunidade apresentada com a Resolução 482/2012, que regulamentou a mini e a microgeração de eletricidade no Brasil. Segundo o presidente da empresa, Nelson José Côrtes, a empresa está capitalizada para atingir a meta de 60 MW instalados no Brasil até dezembro.

A locação dos equipamentos foi a maneira encontrada pela companhia para solucionar um dos principais gargalos do mercado de microgeração: o financiamento. No modelo de negócios da Brasil Solair, a empresa é responsável pela compra, instalação e manutenção dos equipamentos. O segredo do negócio está no fato da empresa comprar os equipamentos a um custo menor, bem como ter acesso a taxas de financiamento mais competitivas. O custo de um quilowatt instalado está estimado entorno de R$ 7 mil, enquanto a Brasil Solair consegue reduzir esse valor para R$ 4.500. "É uma operação financeira calcada num conhecimento técnico", explicou Côrtes. "Ao invés do cliente ficar com 100% do desconto na tarifa de energia, ele fica com uma parcela menor e eu fico com uma receita pequena, mas que me remunera."

A Brasil Solair começou a vender os equipamentos no final de fevereiro e dentro do modelo de locação instalou 750 kW solares na área da concessionária Ampla, no Rio de Janeiro. Contudo, está em execução a expansão das atividades para os estados do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Tocantins e Minas Gerais.

A empresa tem 3 MW em contratos assinados e 12 MW em propostas. Também já importou da China 12,5 MW em painéis, que estão prontos para serem comercializados. A parceria com os chineses vai além de relações comerciais. O acordo também é tecnológico, o que permite a empresa brasileira fazer a manutenção dos equipamentos. Todo processo de medição e operação é automatizado. “Do Rio de Janeiro eu sei o que cada sistema está gerando. Com isso sou capaz de fazer uma manutenção preventivamente”, disse o executivo.

A Brasil Solair montou uma fábrica de painéis fotovoltaicos na Paraíba. O investimento total na planta, incluindo capital de giro, é de R$ 20 milhões e a expectativa é de que o faturamento gire em torno de US$ 30 milhões por ano quando for atingida a capacidade máxima de produção. Situado numa área de 40 mil m², o parque tem capacidade para produzir 250 mil painéis solares por ano – o equivalente a 60 MW, suficiente para abastecer 60 mil residências. Além disso, a empresa está construindo uma unidade de inversores solares.

No entanto, nenhuma das fábricas vai produzir num primeiro momento. "Não existe lógica financeira para isso. É mais barato hoje importar a produzir um painel no país", esclareceu o executivo. Cortês disse, contudo, que está disposto a ativar as fábricas, se tornando uma opção para os agentes que queiram acessar as linhas de financiamento do BNDES, desde que tenha preço que justifique o negócio.

Sobre as mudanças na Resolução 482, em audiência pública na Agência Nacional de Energia Elétrica, o executivo acredita que o mercado já é bom e que as alterações devem afetar mais a minigeração. Os clientes-foco das Brasil Solair são consumidores de baixa tensão, em um primeiro momento comerciais, de regiões e estados do país onde a tarifa de energia e a insolação compensem a locação do sistema de geração.