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Criada no ano passado e com atuais 6 MWp de capacidade instalada, a Orion-E firmou recentemente um contrato com a WEG para receber módulos fotovoltaicos por três anos e cumprir sua meta de alcançar 2 GW solares até 2025. São previstas a construção de pelo menos 50 mil usinas de microgeração e 200 de minigeração distribuída espalhadas pelo país.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o Chief Commercial Officer (CCO) da empresa, Hugo Albuquerque, destacou que a companhia surge no setor não só para preencher uma lacuna de mercado, mas trazer expertise logística, que para ele é um dos principais problemas enfrentados pelas grandes plantas FV ou clientes do varejo, devido a sinistralidade das cargas e acidentes com caminhões.

“Várias seguradoras se recusam a transportar equipamentos de energia solar e tem elevado o valor das apólices em quase 400%”, aponta o executivo, afirmando que parte desse mercado não sabe o que fazer ou faz de forma confusa, misturando os fornecedores com clientes e concorrentes.

A ideia é se posicionar como uma empresa de infraestrutura limpa e renovável, e não uma comercializadora, arrendando as usinas para os players que irão gerenciar e vender energia. Os 2 GW devem ser formalizados em contratos de médio e longo prazo com as comercializadoras, para por exemplo numa crise hídrica permitir que os traders honrem seus compromissos com o fornecimento.

A fabricante WEG assumirá como EPC de todas as usinas em território nacional. De 1 MWp até 100 MWp, geração distribuída, micro-geração e centralizada, em terrenos próprios e/ou arrendados, com a expertise de construir em regiões extremas do país com a mesma eficiência.

“A WEG tem experiência no mercado, capilaridade e robustez financeira para honrar os contratos, dando ainda garantia de performance para construção dos 2 GW em três anos. Talvez seja a empresa nacional mais sólida, ganhando muitos prêmios”, justifica Albuquerque.

Segundo ele, grande parte da parceria com a multinacional catarinense vai ser de GD, para redes de varejo da Ambev, Femsa, Cargil e outras empresas desse porte, enquanto 400 MWp serão destinados a geração centralizada para autoprodução. “Queremos alcançar todo Brasil com usinas de pelo menos 100 kWp e é claro que alguns estados têm preferência pela questão do ICMS”, complementa.

Além das usinas piloto, atualmente a Orion-E possui mais 14 plantas a serem construídas a partir de 2023. O plano é consolidar 300 MWp em dez empreendimentos e implementar todas as obras em 18 meses. São quatro projetos delineados: Rigel (600 MW, sendo 500 MW já arrendados para a Bolt), Betel (300 MW), Theta (400 MW) e 3 Marias (700 MW), todos contando com um fundo de investimento próprio e captando mais R$ 4 bilhões para colocar os ativos de pé, somando um montante de R$ 8 bilhões.

Maria José é uma das contempladas pelo projeto de acesso à energia fotovoltaica por famílias de agricultores (Orion-E)

Três Marias possui um viés de energia social aliado à agricultura familiar e remuneração de capital. O objetivo é arrendar uma fatia da terra, cerca de 10% do proprietário da terra e pagar um valor de R$ 600 a R$ 1.000 para elevar a renda do produtor familiar em cerca de 30%, pensando em famílias cuja renda fica em cerca de R$ 2.500 mensais.

“Temos a meta de alcançar pelo menos 10 mil produtores da agricultura familiar em todo Brasil em até 2 anos”, afirma Hugo.

Constelação de estrelas

Para avançar com seus objetivos, a Orion-E confia na expertise de mais de 12 anos de seus executivos, como Hugo Albuquerque, que atua desde 2010 no setor elétrico, tendo passado pela diretoria da Financeira Solar, presidência da Canadian Solar, Sol Copérnico e que encara agora neste novo desafio.

“Vamos levar energia limpa para todo o Brasil e estabelecer negócios unicamente com empresas comprometidas com princípios ESG, seja por meio de contrato de locação direta ou para comercializadoras”, conta Albuquerque, lembrando que muitos traders têm falido por não cumprir o contrato devido a uma bandeira tarifária, por não possuir lastro e capital.

Na avaliação do executivo, apesar do Brasil ser pouco emissor de dióxido de carbono (CO2), representando 1,6% das emissões globais, ainda assim o maior volume está voltado ao agronegócio pela fermentação entérica e uso de terras, vendo uma oportunidade na energia mais barata e limpa como forma de compensar as emissões.

Ainda no board de executivos, Marco Aurélio Araújo, o COO, tem mais de 20 anos de experiência na área de construção e estruturação de projetos, tendo liderado os trabalhos de implementação das 48 usinas feitas para Ambev pela Sol Copérnico. Ambos ingressaram há quatro meses na empresa, junto a outros executivos da área de logística para pás eólicas e gestão de obras e mercado financeiro.

Eólica e H2

A Orion é uma investida do One Serviços Digitas, que iniciou suas atividades como uma fintech de empréstimos consignados, voltada exclusivamente para o mercado privado. A ideia é captar recursos financeiros, desenvolver e construir usinas solares, e num segundo momento eólicas, entregando os ativos já em performance ao cliente final.

“Nosso primeiro passo é a fonte solar, para entrar depois na eólica em meados de 2023 e em 2024 no hidrogênio verde”, revela Hugo Albuquerque, que também é diretor de H2 verde da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD). Segundo ele, a empresa já possui uma área na Bahia com potencial que pode chegar a 100 MW para o hidrogênio, próximo ao Porto de Aratu. “Temos buscado também conversas no exterior com países escandinavos, sobre a demanda para o insumo”, complementa.

Falando mais do mercado de exportação e interno para o insumo do futuro, Albuquerque ressalta que entre 2010 e 2022 o Brasil importou cerca de US$ 15 bilhões em materiais para energia solar e exportou US$ 58 bilhões em materiais para fertilizantes. “Se tivéssemos através do H2 verde a possibilidade de produzir fertilizantes para o mercado interno nossa balança comercial melhoraria muito”, analisa, citando amônia e ureia verde e o agronegócio no radar da empresa.