O processo de descarbonização é um dos grandes desafios proposto pela transição energética. E a Petrobras já deu o pontapé nessa iniciativa utilizando o CCUS (Programa de captura, uso e armazenamento geológico de CO2). Com a ajuda da tecnologia de CCUS, que engloba a separação do CO2 e do gás natural e a posterior reinjeção do CO2 de volta ao reservatório de onde saiu, a estatal conseguiu reduzir em 39% as emissões de gases de efeito estufa. A reinjeção foi uma solução encontrada pela companhia para atender ao compromisso de não emitir para a atmosfera o CO2 que está presente no gás natural.

Durante o Seminário de Gás Natural, que aconteceu nos dias 10 e 11 de maio, no Rio de Janeiro, Viviana Coelho, Gerente Executiva de Mudanças Climáticas da Petrobras, destacou que a melhor trajetória de descarbonização é a que custa menos e que cada país sabe qual a melhor forma de desempenhar esse papel de acordo com sua realidade socioeconômica e com a realidade de sua população, o que pode funcionar na Europa, pode não ser tão eficaz no Brasil.

Um consenso é que a transição energética já se iniciou e acontece de forma natural, visto que entre optar por um energético que custa mais caro e afeta o meio ambiente, naturalmente se escolhe aquele que tem menor custo e uma externalidade de menor impacto. Somente nos campos de pré-sal, essa reinjeção feita através do CCUS chega a 25%. É o maior projeto em operação no mundo, destacou Viviana.

Os projetos de CCUS possuem custos que demandam uma organização maior, como uma regulação que não está pronta, precisa existir acordo entre todos os agentes de CCUS e assim encontrar mecanismo de financiamento, mecanismos de parceria, agentes dispostos a realizar a descarbonização, previsão de riscos tecnológicos desse projetos, entre outras coisas, mas nada que sejam barreiras intransponíveis.

Biogás

Sobre a utilização do Biogás e Biometano, Gabriel Kropsch, Diretor Executivo da ABiogás, destacou que ao falar do potencial do Biogás alguns conceitos são diferentes, pois ele é um produto da decomposição da matéria orgânica, gerado de um processo natural e é um recurso energético renovável. O que é feito é pegar esse processo natural e acelerar isso dentro de um ambiente industrial e controlado, e quando se fala do potencial do biogás, não é sobre o potencial de geração em si, mas sobre o é o potencial de aproveitamento do biogás.

O Brasil, segundo Kropsch, gera 120 milhões de metros cúbicos por dia de resíduo orgânico, onde estão incluídos o aterro sanitário, estações de tratamento de esgoto e principalmente, toda a agroindústria brasileira. “O biometano não é o combustível do futuro, ele já é o combustível do presente, e possui um potencial de aquecimento global cerca de 20 vezes menor”, finalizou.