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O Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) em Aracaju (SE) está avançando com a produção de biocombustíveis a partir da biomassa residual do coco verde, um dos resíduos mais abundantes na região. O projeto consiste na integração de três etapas essenciais: extração de óleo, produção de biodiesel e de um bio-óleo a partir de oleaginosas que pode ser utilizado para diversos fins.
Em entrevista ao CanalEnergia, o pesquisador do ITP e coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (NUESC), Cláudio Dariva, ressalta que a iniciativa pode gerar também biogás e biocarvão, cujas aplicações incluem eletricidade, queima direta em novos processos, ou mesmo reter nutrientes no solo para agricultura, no tratamento de água e efluentes, entre outros.
“O grande diferencial do projeto é acoplar essa etapa inicial, pegar o bio-óleo, semelhante a um petróleo verde, de origem renovável, e refinar para substituir combustíveis fósseis como diesel, querosene, gasolina e outros”, destaca, afirmando que a tecnologia utilizada emprega fluidos pressurizados, reduzindo significativamente o uso de solventes orgânicos e promovendo uma abordagem ambientalmente sustentável.
Tecnologia para fluidos pressurizados reduz uso de solventes orgânicos e mazimiza aproveitamento dos resíduos gerados no processo (ITP)
“A abordagem maximiza o aproveitamento dos resíduos gerados no processo, contribuindo para uma economia circular e reduzindo o impacto ambiental da produção de combustíveis”, complementa o coordenador. No caso da pesquisa do ITP, é realizado primeiro a secagem e trituração para depois passar a conversão térmica por meio da pirólise. Por fim, vem o refino e aproveitamento para uso em motores e geradores ou outras soluções mencionadas anteriormente.
Desafio ambiental e urbano
Dariva salienta que a iniciativa contribui também para melhorar a gestão de resíduos urbanos, evitando o acúmulo de lixo orgânico. Além disso, a criação de uma cadeia produtiva em torno do biocombustível fomenta a geração de empregos e o desenvolvimento local, promovendo a economia circular.
Em Aracaju, por exemplo, contribui para dar nova utilização às 190 toneladas de coco verde descartadas por semana na cidade, segundo estudo realizado pela Diretoria de Operações da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), num alto volume e baixa taxa de decomposição. Foram identificados ainda 87 pontos de venda, sendo 30 deles considerados grandes geradores, os quais descartam até 200 kg diários ou 400 kg em dias alternados.
Bio-óleo pode ser refinado para uso em motores e geradores, enquanto biocarvão pode ser aplicado omo fonte de energia ou para melhorar qualidade do solo (ITP)
Esse montante de resíduos sobrecarrega a coleta domiciliar e gera um custo anual de aproximadamente R$ 900 mil para a limpeza pública. Além disso, quando não destinados ao aterro sanitário, muitos desses resíduos acabam descartados de forma inadequada, agravando o passivo ambiental da cidade.
Vinculado ao Grupo Tiradentes, o ITP abriga o NUESC criado há 15 anos em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES) e Petrobras. O laboratório na capital sergipana trabalha com biomassas nos últimos 20 anos, focando atualmente na fibra do coco mas também trabalhando com as biomassas que consegue utilizar, como bagaço de cana, resíduos de dendê e agroindustriais, além de utilizar resíduos urbanos.
O Instituto integra um robusto ecossistema educacional e de pesquisa que inclui a Universidade Tiradentes (Unit) e o Tiradentes Innovation Center (TIC), fundamentais para o avanço tecnológico e científico do país. Entre os destaques está a formação de profissionais para o mercado local e nacional, em colaboração com os Programas de Pós-graduação Stricto sensu da Universidade Tiradentes (Unit).
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