A Fitch Ratings avalia que o governo federal tem tomado medidas eficazes para mitigar o risco de liquidez das distribuidoras de energia do Brasil. Segundo a agência de classificação, um novo aporte de caixa, de até R$ 15 bilhões, em discussão entre governo, instituições financeiras e agentes do setor, deve compensar os descasamentos de fluxo de caixa decorrentes da alta de custos com compra de energia.

Na análise da Fitch, o suporte terá condições semelhantes às da Conta-Covid, que não resultou em endividamento das distribuidoras. Segundo ela, “caso o prazo da operação seja em torno de cinco anos, haverá diluição dos impactos tarifários em 2022, beneficiando o controle de perdas e índices de inadimplência”.

Na avaliação da empresa, a bandeira de escassez hídrica deve arrecadar R$ 13,8 bilhões até abril de 2022 com o incremento tarifário de R$ 14,20 a cada 100 KWh, valor que, para a maioria das distribuidoras, deve ser insuficiente frente aos custos de energia térmica.

Outra justificativa apresentada pela Fitch Ratings sobre o aporte do governo às distribuidoras é que ao final de junho, os dez principais grupos do país com atuação no segmento de distribuição totalizavam um descasamento de caixa de R$ 4,5 bilhões, reportados como saldo da conta de compensação de variação da parcela A (CVA).

“A bandeira de escassez hídrica e o novo financiamento em discussão, cujo desembolso é esperado para até janeiro de 2022, são cruciais para mitigar as pressões sobre os fluxos de caixa. Em 2020, o Ebitda consolidado dos dez maiores grupos com atuação em distribuição foi de R$ 38,4 bilhões, sendo R$25,3 bilhões no segmento de distribuição”, disse em nota.