Estudo realizado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia concluiu que Itaipu é a hidrelétrica mais cara do Brasil, comparada às oito maiores usinas em regime de cotas, também amortizadas, e às três UHEs estruturantes de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. O preço do MWh do empreendimento binacional em 2023 era de R$ 294,50/MWh, quase três vezes maior que média dos valores praticados pelo conjunto de usinas mais antigas, de R$ 95,5/MWh.

A comparação foi feita com as hidrelétricas Ilha Solteira (3.444 MW de potência), Jupiá (1.551 MW), São Simão (1.710 MW), Complexo Paulo Afonso (4.279 MW), Marimbondo (1.440 MW), Itaparica (1.480 MW) Furnas (1.216 MW) e Xingó (3.162 MW). Em relação a Xingó (55,81/MWh), a mais barata, o custo é cinco vezes maior. O valor considera o custo da transmissão da energia da usina, por meio de um linhão de Furnas.

Itaipu também tem tarifa mais elevada que as das três grandes usinas da região Amazônica cujos investimentos ainda não foram integralmente pagos. A mais cara delas, e a segunda mais cara na comparação geral, é Santo Antônio, com valor de R$ 197,01/MWh, 49,48% menor que a hidrelétrica.

Para a frente de consumidores, a ineficiência, a falta de transparência e o uso político da estrutura institucional de Itaipu explicam porque o custo da usina continua tão elevado. O empreendimento binacional financia obras e politicas públicas regionais no Paraguai e no entorno da usina, do lado brasileiro, que são pagas pelos consumidores do centro-sul do pais.

A última parcela da dívida de construção da usina, que representava US$ 1,4 bilhão por ano (45,1% do custo total), foi paga em 2023, ano em que deveria ter sido renegociado o Anexo C do Tratado de Itaipu. Já se passou um ano além do prazo e a negociação não foi concluída”, lembra a frente.

“A despeito das pressões do país parceiro por majoração do preço da energia produzida na usina, os estudos aqui apresentados indicam não apenas que a tarifa deve ser menor como também mostram o quanto a ineficiência operacional e o aumento indiscriminado do chamado custo de exploração da binacional pesam indevidamente no bolso dos consumidores de energia e compromete a sustentabilidade econômica do país,” afirma o presidente da entidade, Luiz Eduardo Barata.

O executivo defende a reforma do setor elétrico, mas diz que há medidas que podem e devem ser realizadas de forma imediata e que terão impacto na redução do custo da energia no Brasil. Uma delas é a revisão completa dos subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético. A segunda, a revisão da tarifa de Itaipu, com a racionalização dos custos de exploração da usina, que foram inflados de forma indevida.

As despesas de exploração de Itaipu é uma rubrica que representa custo de US$ 1,1 bilhão (35,4% do custo total) por ano. Os recursos são usados em projetos sociais, ambientais e outras iniciativas financiadas pelo empreendimento em todo o Paraguai e no entorno da usina, no lado brasileiro. Ao longo de 20 anos, ela teve um crescimento de 395,4%, a despeito do alcance limitado, no Brasil, aos estados do Paraná e de Mato Grosso.