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O diretor de Operação do ONS, Alexandre Zucarato, afirmou nesta quinta-feira (05/06) que o Operador “está tendo que administrar o sistema como um overbooking”, devido ao descolamento entre a oferta de energia renovável e a carga do sistema. A analogia a um situação que acontece com a venda em excesso de passagens no setor aéreo foi feita durante evento promovido pelo Operador Nacional do Sistema no Ministério de Minas e Energia.

A prática seria equivalente a vender 100 ingressos para o auditório e depois descobrir que só tinha 40, 60 cadeiras e não 100, explicou Zucarato. “O que a gente está buscando agora é onde vai encontrar 40 cadeiras, porque tem gente que está em perigo,” ilustrou o executivo.

O aumento dos cortes de geração de energia renovável nos últimos anos, de acordo com o executivo, foi provocado pelo encolhimento da linha de segurança para a operação do sistema, após o apagão de 15 de agosto de 2023. A causa raiz apontada pelo ONS para a propagação do desligamento iniciado na linha de transmissão Fortaleza -Quixadá foram erros de modelagem induzidos pelo recebimento de informações incorretas de geradores sobre o desempenho de parques eólicos e solares localizados na área de influencia da instalação.

A identificação da causa provável da disseminação da ocorrência levou o operador a adotar critérios mais restritivos de operação. “A linha de segurança encolheu da noite pro dia. Primeiro pelo susto de não saber o que estava acontecendo. Depois, identificando a causa tivemos que ajustar os modelos, a análise que a gente costumava fazer, descobrir os altímetros dos aviões que estavam descarregados e a gente calibrar o altímetro pela altitude do último avião que caiu,” disse  Zucarato.

Segundo o diretor, quando a região de segurança diminuiu, os cortes de geração aumentaram, em razão da sobreoferta de energia de usinas eólicas e solares conectadas à rede. Com menos usinas no sistema, o curtailment também seria menor.

O ONS está buscando encontrar mecanismos de retomada da racionalidade, por meio de medidas como um melhor ajuste e uma otimização do que está em campo, a ampliação da transmissão, como os leilões já realizados, com investimentos previstos de R$ 60 bilhões, e, eventualmente, com a instalação de compensadores síncronos.

Isso não significa, no entanto, que os cortes vão diminuir ou acabar, mas, simplesmente, voltar para a trajetória que deveriam ter seguido se não tivesse o “soluço” na linha do tempo de 15 de agosto. Antes do apagão, o corte era feito com a entrada de uma geração maior que a carga e pela antecipação da operação de usinas em relação às obras de transmissão. “A natureza [atual] do corte é porque o sistema é obrigado a ficar dentro de uma região de segurança.”

Na mesma linha do diretor do ONS, o secretário de Energia Elétrica do MME, Gentil Nogueira Jr, lembrou que  no auditório de Zucarato tem 100 lugares que previstos, mas apenas 40 cadeiras para 100 pessoas estão tentando entrar, e algumas não vão ficar de pé. “Essa é a questão primeira do corte, mas o que a gente enxerga é que eu não tenho ainda os 60 lugares adicionais para as pessoas e, em determinado horário do dia, meio-dia, chegam 300 ou 400 pessoas para entrar. Não cabe nem no auditório, é o energético,” disse o secretário.

Ele explicou que a falta das 60 cadeiras corresponde ao déficit de transmissão, mas o problema é que o auditório tem 300 pessoas em determinado horário do dia, e em outros horários não tem nem 20. Essa situação representa a variabilidade da geração.

A primeira questão é definir quem vai sentar, quem tem o direito de sentar primeiro e quando vai acontecer. A segunda,  achar soluções de curto prazo que permitam que mais pessoas possam sentar, o que esta sendo pensado pelo grupo de trabalho que estudo medidas de mitigação dos cortes de geração.

Em algum momento, serão necessárias medidas estruturantes e de longo prazo para acomodar a situação, como as baterias. “A bateria serve para atender potência, mas ela vai servir também para acomodar essa diferença. Ou seja, a bateria vai ser uma salinha no lado, que eu vou guardar as pessoas ali e depois elas vão entrar na hora que cabem. Isso é o futuro.”