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A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica recomendou que os agentes sejam cuidadosos em seus lances no próximo leilão de energia de reserva, marcado para 16 de dezembro, evitando se expor a riscos que comprometam o processo de desenvolvimento dos projetos. O governo divulgou na semana passa o preço teto de R$ 320/MWh para fonte solar e R$ 247/MWh para a energia eólica. Os valores foram bem recebidos pelos agentes, que esperam intensa competição durante o certame, uma vez que a contratação de novas usinas deverá ser limitada em razão da recessão econômica que reduziu o consumo de energia elétrica no país.

“A Absolar faz uma recomendação ao setor para que durante o leilão [os agentes] sejam responsáveis em seus lances de preço, que avaliem de forma abrangente os riscos e incertezas que fazem parte do processo de contratação de energia com entrega no longo prazo, que levem em consideração que existe uma incerteza cambial, que levem em consideração que os custos de financiamento no país estão um pouco mais elevado de uma forma geral”, disse o presidente executivo da associação, Rodrigo Lopes Sauaia.

A preocupação não é gratuita. Por conta de alterações nas condições macroeconômicas, como elevação da inflação, das taxas de juros e forte desvalorização do Real frente ao dólar, muitos projetos vencedores do primeiro leilão de energia solar do Brasil, realizado em 2014, estão com dificuldades de serem viabilizados. Alguns agentes pediram à Aneel o cancelamento amigável dos contratos. O pedido foi negado. Desde 2014, o governo contratou pouco mais de 3,3 GW em projetos solares, porém poucos estão sendo construídos até o momento.

Na avaliação de Helena Chung, analista de renováveis na América Latina da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), como o preço colocado pelo governo está bem ajustado, não seria saudável que houvesse uma disputa muito agressiva por parte dos agentes. “A gente acha que a demanda não vai ser tão grande e por isso a competição vai ser maior e o preço acaba caindo”, disse. “Se cair muito vai acabar se tornando inviável”, completou analista, que espera uma contratação de apenas 0,5 GW para cada fonte. “Por mais que o governo queira contratar mais, o problema é a demanda.” A Absolar aposta em uma contratação entre 1 GW e 1,5 GW para energia solar.

Embora o preço-teto definido pelo governo tenha ficado abaixo dos valores pedidos pela Absolar e ABEEólica, o secretário de Planejamento Energético e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia
, Eduardo Azevedo, disse que o ministério está seguro que os preços estão adequados, pois refletem estudos da Empresa de Pesquisa Energética e do MME, consultas ao mercado, dados informados pelos empreendedores nos documentos de habilitação. “Estamos seguros que são adequados”, disse.

A Associação Brasileira de Energia Eólica almejava o patamar de R$ 270/MWh no certame de reserva. De acordo com Élbia Gannoum, presidente-executiva da entidade, mesmo com o preço-teto ficando abaixo da expectativa, os empreendedores se mostraram satisfeitos. Para eles, o governo estaria sinalizando a contabilização dos custos do setor no preço, dando um preço atrativo para estimular a competição. “Achamos positivo nesse aspecto”, comentou.

Ela considera o LER desse ano crucial para a indústria, de modo que ela mantenha o funcionamento da cadeia eólica no país. A restrição aos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul fará com que outros estados, principalmente no Nordeste, tenham mais destaque na contratação de projetos. “São novas fronteiras de eólicas, que tem grandes e bons potenciais”, avisa. Foram cadastrados 35,1 GW em projetos eólicos e solares para o certame, porém a restrição na rede de transmissão reduziu esse montante para algo perto de 13,5 GW.

Rodrigo Sauaia, da Absolar, também admintiu que o preço está abaixo do pleiteado, mas reconheceu que o preço foi bem calibrado pelo governo. “Foi uma solução intermediária, que para o setor é adequado, pois atende a visão de um preço teto que convide o mercado a participar do certame. Apesar de não ter sido o mesmo valor que Absolar recomendou, foi um valor acertado.”  Sauaia lembrou que a queda dos preços dos equipamentos pode ajudar a equilibrar a conta.

Para Thais Prandini, da Thymos Energia, os preços fixados pelo governo vão trazer bastante disputa ao leilão de reserva. Segundo ela, o preço de eólica maior foi capaz de absorver aspectos como a equação financeira dos projetos e consegue viabilizar os projetos. Na fonte solar, a disputa também é prevista, inclusive com a queda global de preços. Ela fez referência ao último leilão de transmissão, considerado exitoso pelo mercado. “Estamos entrando em uma nova era de voltar a ter preços competitivos nos leilões”. A diretora ressaltou ainda que aspectos conjunturais positivos ajudarão no êxito do LER, como a disponibilidade de equipamentos, de investidores e, o câmbio em momento estável.

“Achei o preço coerente com o resultado do último leilão”, disse Rafael Valverde, CEO da consultoria Eolus. “Vejo uma sinalização clara do MME de correção, reajustando os patamares inflacionários e também trazendo mais competitividade ao absorver a alteração do regime cambial. Acredito que de fato é uma sinalização positiva para a indústria, que o MME continua acreditando que a energia renovável consegue ser a fonte mais barata para expansão da matriz energética. Acho que tanto para eólica quanto para solar os preços estão confortáveis e é possível ter êxito do leilão”, completou o consultor. 

Segundo os agentes, algumas dúvidas ainda permanecem. A principal é como a limitação da conexão pode impactar a competitividade do leilão. Numa primeira etapa os agentes vão disputar o acesso ao sistema de transmissão, para em seguida passar para a disputa de preço da energia. Essa nova sistemática deve fazer com que os agentes revelem logo seus preços, encurtando o tempo de realização do certame.