Com boa performance nos últimos leilões de energia, as Pequenas Centrais Hidrelétricas querem condições de disputa ainda melhores nos próximos certames. De acordo com Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geradores de Energia Limpa, mesmo com a melhora significativa verificada, uma mudança no preço poderia trazer mais usinas. Com 25 projetos cadastrados no último leilão A-5, os oito comercializados foram pelo preço teto. "R$ 210/ MWh se mostrou um preço de piso e não de teto. Tem que dar um sinal adequado para o mercado ter mais competitividade. O ciclo de investimentos em PCHs precisa continuar", explica Lenzi, que participou nesta quinta-feira, 28 de maio, do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, realizado no Rio de Janeiro (RJ).

O presidente da Abragel coloca como desafios para a fonte debelar problemas com licenciamento ambiental e com a legislação e a regulação. Ele também quer uma política de longo prazo de modo a assegurar a cadeia industrial da fonte. Lenzi viu como um caso a ser pensado o uso de royalties para as cidades localizadas próximas das PCHs. Ele vê que isso poderia levar o poder público municipal a ser mais um aliado do setor. "É um assunto que tem que entrar em pauta, é um ponto muito interessante", confessa. Cidades no entorno das hidrelétricas recebem a contribuição financeira sobre o uso dos recursos hídricos.

O pagamento de royalties também já foi sugerido para projetos eólicos, mas não deve encontrar eco. Segundo Élbia Silva Gannoun, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, já existe o pagamento do aluguel aos proprietários de terrenos nas áreas dos aerogeradores dos parques. Isso deu novo fôlego para as economias locais, gerando um efeito multiplicador. Além disso, não haveria como partir de um parâmetro para pagamento da compensação. "Sou contra o royalty. A discussão não deve seguir em frente", frisa. Ela acredita que a fonte ainda precisa divulgar mais os benefícios que ela tem trazido.

Ainda de acordo com a presidente da ABEEólica, a fonte eólica não tem mais o desafio da instalação, porque ela já se consolida na matriz. O alvo agora é a operação, no desenvolvimento de máquinas ajustadas aos ventos brasileiros e a continuidade na capacitação da mão de obra. A fonte economizou em 2014 R$ 5 bilhões de encargos de serviços do sistema e contribuiu com R$ 3 bilhões para a conta do Coner.

Mesmo com um cenário econômico adverso, a energia eólica tem um bom panorama, na visão da executiva. "A eólica está na contramão da economia. Estamos otimistas em relação ao futuro", avisa. Em 2014 o país foi o quarto no mundo em investimentos em energia eólica.