O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Carlos Ciocchi, confirmou em audiência na Câmara dos Deputados que a simulação da sequência de eventos que resultaram no blecaute do dia 15 de agosto só foi possível com dados atualizados pelos geradores após o incidente. Ciocchi admitiu que foi um apagão de grandes proporções causado por uma sequência de vários pequenos eventos, mas disse que não há, nesse momento, como atribuir culpa a fontes de geração específicas, ou aos agentes

“Ao olharmos os dados de geração, vimos que eles não estavam compatíveis”, explicou o diretor do ONS nesta terça-feira, 29 de agosto, durante a reunião conjunta das comissões de Minas e Energia e de Fiscalização e Controle da Câmara.

O ONS anunciou na última sexta-feira, 25, após a primeira reunião do Relatório de Avaliação de Perturbação, que o desempenho abaixo do esperado de centrais geradoras em relação ao controle de tensão teria desencadeado todo o processo de desligamento em cascata que atingiu o Sistema Interligado Nacional.

A ocorrência iniciada na linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II por si só não teria propagado o blecaute que atingiu 25 estados e o Distrito Federal, segundo o operador. Mas uma sequência de acontecimento posteriores, que ocorreram em milissegundos, interrompeu mais de 22 mil MW de energia, já incluída a atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac).

A atuação da operação no momento do incidente teria sido feita com base em dados que tinham sido inseridos na base de dados do operador pelos geradores, na entrada em operação das usinas. Essas informações não refletiam, no entanto, a condição real de operação dos empreendimentos, que só foi verificada após o envio de informações solicitadas pelo ONS após o evento.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que também participou da audiência, disse que a primeira preocupação do MME foi restabelecer o fornecimento de energia. Em seguida, veio a preocupação em aumentar segurança para não permitir novos apagões. O ONS adotou desde então uma operação conservadora, com um carregamento menor das linhas de transmissão do Nordeste, que poderá ser suspensa antes mesmo dos 45 dias calculados pelo operador para a apresentação do relatório final com as causas do apagão.