A EDP considera que a proposta de repactuação do risco hidrológico, contida na MP 688, não seria interessante para as usinas que a empresa está construindo – Cachoeira Caldeirão (AP-219 MW) e São Manoel (MT-700 MW). Um dia após dizer que a adesão deve levar em conta a análise de forma individual por ativo, o CEO da companhia, Miguel Setas, afirmou que não faz sentido aderir para essas usinas pelo fato das duas UHEs em obras não ter ativos regulatórios

De acordo com o executivo, que também acumula o cargo de diretor de Relações com Investidores, essa análise do risco deve ser feita de forma bastante detalhada para que a empresa possa definir qual é a melhor solução, aderir ou não. Internamente a EDP tem feito as contas com as informações que já estão disponíveis. Contudo, ainda há uma questão importante, lembrou Setas, para que as contas fiquem mais precisas.
“Há algumas variáveis que podem influenciar na tomada de decisão e uma delas é o tratamento fiscal e tributário desse mecanismo e que pode ser relevante. O recolhimento dos impostos e a incidência fiscal em têm peso”, disse ele após sua apresentação a analistas e investidores em reunião realizada pela Apimec-SP.
A estimativa do executivo é que nas próximas semanas se tenha uma análise mais clara sobre o tema. Contudo indicou que não fará sentido para todos os ativos e será parcial. “Não faz sentido, por exemplo, aplicar desconto do PPA de Cachoeira Caldeirão para cobrir o risco se tenho um hedge interno para essa usina. O mesmo serve para São Manoel, já para Santo Antônio do Jari precisa ser avaliado porque houve geração”, comentou.
Setas disse que a EDP possui flexibilidade para aderir ou não. Há uma parcela da energia da companhia que está descontratada que serve de hedge e por isso a companhia faz uma análise que aparenta uma relativa tranquilidade. Até porque se a decisão for por aderir à repactuação, essa energia pode ser negociada no mercado livre.
A empresa se mostrou decepcionada com os valores definidos para o leilão de energia existente A-1. Para eles o valor teto de R$ 149/MWh para o produto de três anos está abaixo das expectativas. E exemplificam que a comercializadora do grupo tem propostas mais atrativas no mercado livre com valores para 2016 de R$ 170/MWh e de R$ 160/MWh no ano seguinte. Apesar de revelarem esse desânimo com o certame de 11 de dezembro, a companhia disse que ainda continua analisando essa oportunidade. A empresa confirmou que a leitura que fazem desse leilão de UHEs de 25 de novembro que terá 100% de sua energia destinada ao ACR equivaleria ao A-1 nesse ano.