Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira, 18 de abril, no Web Summit, no Rio de Janeiro (RJ), o CEO da EDP no Brasil, João Marques da Cruz, manteve o otimismo e reforçou a importância do Brasil para a companhia, que está presente em mais de 30 países. De acordo com ele, ao ter negócios nas área de geração, transmissão, distribuição e comercialização, a empresa mostra a relevância da operação brasileira. “Estamos investindo e temos planos de investir mais”, afirma Cruz.

Nos próximos cinco anos, a promessa de investimento é de R$ 30 bilhões, sendo R$ 15 bilhões em transmissão e distribuição e os outros R$ 15 bilhões na geração. Na geração, as fontes eólicas e solar puxarão os investimentos.

Com a EDP Espírito Santo puxando a fila na renovação das concessões na distribuição, o executivo não demonstra preocupação com o conteúdo do novo contrato nem com a morosidade governamental que dará a largada no processo. Segundo Cruz, o posicionamento do ministro Alexandre Silveira tem tranquilizado o setor e demonstrado compreensão do tema. “Estamos calmos e serenos, acreditamos que as autoridades entendam. Estamos confiantes que tudo vai sair”, avisa. O ministro na últimas semanas tem se colocado a favor da renovação, mas prometeu alterações nas metas de qualidade.

No último leilão de LTs, a EDP arrematou três lotes, que demandarão investimentos de R$ 3 bilhões. O executivo revelou que o próximo certame, em setembro, já é objeto de estudos, mas não está garantida a participação na disputa. Com um parque de hidrelétricas à venda, Cruz disse ainda que não há pressão para fechar a operação, uma vez que ela só será concluída caso algum interessado consiga oferecer a oferta ideal. “Não precisamos vender. Não temos pressa de nada”, pontua. No ano passado o CDPQ chegou a negociar a compra das usina, mas a negociação não foi à frente.

Apesar do otimismo, o executivo alertou para gargalos que o setor elétrico brasileiro ainda enfrenta que impactam nos planos de expansão da elétrica portuguesa no país. A distância da geração para a transmissão é um deles, que vem sendo sanado, com os robustos leilões de transmissão. Outro ponto salientado é o aspecto comercial. Para Cruz, os preços atuais de energia para contratos de 15 anos dificultam a viabilização dos projetos. “Gostaríamos de investir mais, mas é um obstáculo”, lamenta.

Na cadeia de suprimentos, Cruz considera a reindustrialização legítima, mas considera importante que seja feita sem perder a competitividade. Para ele, o aumento de taxas de importação pode tornar o produto nacional mais competitivo, mas também pode trazer desequilíbrio nos preços e na competição com os importados. “A reindustrialização no Brasil tem que ser aplicada com eficiência, de modo que o produtos fabricados no Brasil sejam tão competitivos quanto os importados”, avisa.

Ainda segundo ele, a venda de UHEs não indica desencanto com a fonte ou outro tipo de guinada da companhia, citando o fato que Peixe Angical e Lajeado são duas das UHEs mais eficientes do país. Para o executivo, a rotação de ativos é necessária para capitalizar os investimentos que a EDP fará nos próximos anos. “O Brasil é significado para a EDP termos de resultados, mas é indispensável a reciclagem de capital”, aponta.