Para financiar o programa de R$ 60 bilhões que visa a conclusão de Angra 3, revitalização de Angra 1 e a modernização tecnológica do segmento nuclear brasileiro, será apresentado ao Congresso Nacional uma proposta securitizada e financiada pela exportação de urânio, revelou o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), durante painel do Rio Innovation Week dessa sexta-feira- 6 de outubro. “Dominamos o ciclo inteiro da cadeia do urânio e é por isso que estamos trabalhando incansavelmente junto ao MME num projeto autofinanciável, sem tomar conta de recursos que iriam para educação ou para a saúde”, destacou o representante da Câmara dos Deputados.

O país possui a sexta reserva do elemento no mundo, com a liderança sendo disputada entre Cazaquistão e Austrália. Segundo Júlio, o top 10 produz cerca de 47 mil toneladas, enquanto o mercado consumidor tem demanda superior a 51 mil toneladas. Ele destaca o potencial brasileiro, além da tecnologia e mão de obra especializada como trunfos para o país liderar o setor globalmente no novo contexto redescoberto da nuclear como uma energia verde e intermitente. “A Suécia está acelerando o programa nuclear e desincentivando a solar e eólica e acho que precisamos também rever essa posição”, afirma.

De acordo com a proposta que está sendo ventilada junto ao ministro Alexandre Silveira, seria preciso uma produção adicional de 540 toneladas para financiar o programa, para além das 800 toneladas atuais. Fora o uso energético, como para data centers da Microsoft no médio prazo, Júlio Lopes também salientou outras aplicações como na medicina nuclear ou no combustível para o submarino nuclear brasileiro, algo que só seis países no mundo possuem.

“Ele terá motorização nuclear, sendo um veículo convencional, com o objetivo de deter o domínio da tecnologia”, pontua. Outro destaque trazido pelo deputado é o abastecimento futuro das naves espaciais, o que está sendo desenvolvido pela Nasa.