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A semana é de divulgação da revisão quadrimestral de carga, some-se a isso a reunião da Programação Mensal de Operação para o mês de abril, quarentena imposta nas maiores cidades do país. Ao mesmo tempo temos o incremento no número de casos da covid-19 no Brasil. Como consequência o cenário de incerteza aumenta tanto quanto recuam as perspectivas de consumo de energia diante da nebulosidade que impede uma análise mais assertiva sobre o comportamento da economia e do consumo para os próximos meses.
A opinião dos especialistas ouvidos pela Agência CanalEnergia é unânime, apesar de apontar para números diferentes. Em geral o que se espera é um mês de abril onde o consumo e a economia cairão. Isso parece ser bem claro, e essa situação poderá chegar até o final de maio, na visão mais otimista que se tem atualmente.
De acordo com o presidente da América Energia, Andrew Storfer, nem tudo é culpa da pandemia. Ele disse que o ponto de partida para o ano de 2020 já estava sobre estimado. A perspectiva de demanda de 4,2% de expansão já não era encarada pela empresa como um cenário realista e estava mais para um crescimento de 2%, isso em condições normais, que não é o caso agora.
Essa estimativa, explicou o executivo que também é membro do Conselho da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade  (Anefac), estava baseada no desempenho da economia no último trimestre de 2019 sinalizava uma atividade mais reduzida, o que afeta na demanda de energia diretamente. E agora, com o agravamento do cenário com o coronavírus não é possível saber o que acontecerá, os cenários estão incertos.
“A carga no início do ano já estava sobre estimada, imaginamos que o nível mais adequado estivesse em 2% e não em 4,2% como apontava a projeção oficial”, Andrew Storfer, da América Energia
Por isso, independentemente dessa nova situação que ocorre não só no Brasil, a perspectiva já era de expansão menor do que a projetada. Agora, comentou ele, a estimativa para este ano vai depender muito do que acontecerá nos próximos dias. “Já tivemos os últimos 15 dias de março e a perspectiva oficial de durar até meados de abril. Se for essa a duração, teremos um problema que é financeiro das empresas, mas se durar muito mais tempo passaremos a ter um problema econômico que é mais abrangente e duradouro”, afirmou ele.
Alexandre Viana, sócio e diretor da Thymos Energia, destaca que o momento era promissor para o país com uma série de investimentos chegando por aqui. Com esse cenário, disse ele, a atividade econômica esfria. E esfriando, continua, a queda no consumo é uma consequência direta e que deve levar à desaceleração no nível de investimentos. Até porque o setor elétrico nacional tem forte presença internacional, principalmente de organizações europeias e chinesas.
O executivo da Thymos destacou que a queda de demanda decorrente dos efeitos da pandemia foram vistos em outros países. Ao analisar dados de consumo oficiais de países europeus no dia 18 de março de 2020 comparado a 2019, a consultoria verificou quedas que variaram de um aumento na Alemanha de 0,5% a quedas de dois dígitos, sendo 20,4% na França e de 12,3% na Itália.
A consultoria traçou quatro cenários. Mas ressalta que até o final de abril é possível ter essa visão mais clara, depois disso, classificou ele, é “puro achismo, pois é impossível saber qual é o caminho que seguiremos nem quanto tempo a crise pode durar”.  No melhor desses quatro cenários a carga cai 1,6% em 2020 ante 2019. Os índices são piores no cenário moderado, que por sua vez recuam mais ainda no pessimista e chegam ao catastrófico em queda de 14,3% no ano.
Projeções Thymos Energia para carga em 2020
Por aqui, informou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, dados preliminares apontam retração da carga desde a última terça-feira (17), quando foi instaurada a quarentena como medida oficial de contenção ao Covid-19. O destaque contudo, foi verificado na última segunda-feira, 23 de março. Nessa data, dia em que começaram a valer medidas mais rígidas nas duas maiores cidades do país, a carga média no horário das 9h, quando geralmente cresce a demanda por energia, foi de 61.999 MW médios, uma redução de 18,6% em relação ao mesmo horário da segunda-feira da semana passada. Já no horário das 14h, quando ocorrem os picos de consumo, a redução foi de 18,8% com carga de 67.164 MW médios.
Para a diretora executiva da consultoria Engenho, Leontina Pinto, a crise poderá afetar o consumo de energia de forma mais expressiva se durar mais do que dois meses. A depender do cenário, projeta ela, a queda da demanda tem potencial de alcançar a indústria que atua no mercado livre, mais especificamente os grandes consumidores de energia. Segundo sua estimativa é possível que o prolongamento da crise possa derrubar o consumo no ACL entre 40% a até 80% no pior dos cenários.
“Essa poderá ser uma crise que pode derrubar o PIB brasileiro mais do que no racionamento de energia”, definiu ela. “Temos conversado com grandes consumidores que não pararam sua linha de produção porque estão atendendo os pedidos que estão colocados. Mas empresas já me disseram que projetam parar daqui a dois meses se a situação não se reverter”, revelou ela.
Do outro lado, avalia que o crescimento da demanda residencial, naturalmente, aumentará com o trabalho em home office, mas não será suficiente para compensar o tombo das classes comercial, serviços e indústria tanto no ACR quanto no ACL. Se a crise continuar para além de maio chega à indústria sim e aí a retração pode ser pesada, podendo ficar na casa de 30% a 40%, liderado pela indústria eletrointensiva.
“Crise atual pode reduzir o PIB a um volume menor do que o visto no racionamento de energia no início dos anos 2000”. Leontina Pinto, da Engenho Consultoria
Na avaliação de Leonardo Salvi, diretor de Operações da Electra Energy, os efeitos da pandemia de coronavírus são realmente sentidos no mercado. Um exemplo são justamente os dados de redução da demanda. Contudo, lembra que antes mesmo de termos o primeiro paciente no Brasil com diagnóstico confirmado, algum impacto já era esperado em virtude da emergência sanitária que se instalou na China e na Europa. “Com a chegada do vírus ao Brasil e a necessidade de medidas mais restritivas à circulação de pessoas e, consequentemente, da atividade econômica, a redução de carga observada na última semana foi drástica”, pontuou.
Nesse cenário entende que o ONS deverá rever as projeções de carga com o intuito de adequá-las à nova realidade imposta pelas medidas de contenção adotadas. “Acreditamos que já na próxima reunião do PMO o ONS reduzirá a previsão de carga para abril de forma proporcional ao que se observou nesta última semana, da ordem de 10%, ou até mais”, acrescentou ele que estima para o PMO de maio – já considerando para o planejamento de médio prazo (2020 a 2024) a carga revista na primeira revisão quadrimestral – uma nova redução da carga, contudo, em percentuais inferiores àqueles aplicados até abril.