A joint venture que iniciou recentemente as suas operações, a Hitachi ABB Power Grids lançou nesta quarta-feira, 15 de julho a sua primeira solução em conjunto. Trata-se de um sistema de carregamento de veículos de grande porte que foi nomeado de Grid E-Motion Fleet e está focado em frotas comerciais e de transporte público. A expectativa é de que nos próximos cinco anos seja verificado uma primeira grande onda na adoção de eletrificação dos veículos dessa categoria. O mercado potencial na América Latina pode ficar entre US$ 200 e US$ 300 milhões, sendo o Brasil responsável por 35% desse valor ou mais de US$ 100 milhões.

Esse valor de mercado indicado refere-se apenas aos sistemas de carregamento e as partes relacionadas. Não inclui ainda o custo de aquisição dos veículos. E esses valores olhando no mais longo prazo podem ser mais elevados se considerar que o crescimento poderá continuar em velocidade exponencial por até 15 anos.

A empresa não aponta os volumes que tem a expectativa de alcançar, mas afirma que almeja a liderança desse mercado. “Trabalhamos para seremos líderes de mercado, é difícil dizer o quanto é necessário para alcançar essa posição, estamos trabalhando com os principais agentes públicos e privados, esses sistemas precisam ser integrados com as concessionárias de energia, o operador do sistema de ônibus, poder público e empresas”, aponta Leandro Bertoni, vice-presidente para América Latina na Hitachi ABB Power Grids.

A companhia, continua ele, tem conversado com potenciais clientes para a solução. Apesar de ainda não ter sido fechado contratos até o momento (o conceito do produto já existia por aqui quando a joint venture não havia sido criada) a expectativa é de que em um período de 12 a 18 meses é possível que pelo menos o primeiro sistema esteja em implantação.

A novidade para esta versão do produto é a sua modularidade e ao invés de alimentação em corrente alternada funciona em corrente contínua. A companhia destaca que o sistema pode reduzir em até 60% o espaço utilizado ante um sistema convencional e em 40% a quantidade de cabos utilizados. “Ou seja, quanto menos equipamentos menor a chance de vermos falhas”, comenta ele. “Por ser menor, pode ser instalado na garagem ou em um terminal de ônibus, no caso de transporte coletivo. E ainda é totalmente digitalizado, está alinhado à indústria 4.0”, promove ele.

A Hitachi ABB afirma que em termos globais as mega tendências apontam para a necessidade da aceleração do processo de mobilidade elétrica pois cada vez mais as pessoas viverão em cidades e demandarão mais qualidade de vida e um ambiente com menos emissões. Por isso acredita que esse segmento passará de um nicho de mercado para estar no ‘mainstream’ da indústria de mobilidade.

Em suas estimativas cerca de 80% dos ônibus urbanos deverão ser elétricos até 2040, esse índice cai um pouco quando se olha para os automóveis, mas ainda assim é de 33% nesse mesmo horizonte. E ainda, acredita que 15% dos caminhões também serão movidos a energia elétrica. Por isso a aposta neste segmento.

Bertoni diz que quando olhamos para a Europa e outros mercados mais desenvolvidos e comparamos com a América Latina, a região não está tão atrás. Há iniciativas bastante interessantes, diz ele que é o responsável pela região. Cita como mercados nessa classificação o de Santiago, no Chile que deverá ser a segunda cidade do mundo a ter 100% da sua frota de ônibus movidos a energia. A Colômbia é outra região que aparece em destaque e, logicamente, São Paulo que tem a maior frota global de ônibus coletivos com 15 mil veículos, onde apenas pouco mais de uma dezena são elétricos.

Por sua dimensão a operação no Brasil é central para toda a América Latina, aqui está localizado o centro de excelência para esse mercado, mas a ideia é de expandir esse expertise para os demais países. Até porque as soluções precisam ser customizadas para cada necessidade, e além disso, acrescenta, há a necessidade de a empresa estar mais próxima de seus clientes nesse mercado que promete ser dinâmico nos próximos anos, principalmente nos novos projetos e licitações que deverão ser colocadas ao mercado.