A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou que a recuperação do volume útil dos reservatórios brasileiros nesse ano reduziu o risco hidrológico das geradoras de energia avaliadas. Para 2023, a agência considera um Generating Scale Factor (GSF) de 0,85, ligeira melhora frente ao 0,80 esperado para 2022.

Em março de 2022, as empresas mais expostas a dificuldades no próximos ano, de acordo com a Fitch, eram Cemig GT e Cesp, que para o próximo ano comercializaram 100% e 86% da energia disponível, incluindo a produção própria – hídrica e não hídrica – além de compras já realizadas para o intervalo.

As atuais capacidades de armazenamento são os maiores para o período desde 2012, o que propicia um cenário mais favorável ao aproveitamento das hidrelétricas. Ao final do último mês de junho os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste apresentavam 65,5% de seu volume útil, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mostrando a recuperação frente ao ano anterior, quando o nível era de 29,1%.

A análise aponta que o consequente menor despacho térmico beneficiará também as distribuidoras, por reduzir pressões sobre os custos com compra de energia. Ainda assim, o risco hidrológico permanece diretamente vinculado ao comportamento das chuvas do período úmido, que vai de outubro de 2022 a abril de 2023.

De acordo com a agência, o segundo semestre consome, em média, 20 pontos percentuais dos reservatórios. Assim, no final de 2022, caso o padrão de consumo permaneça dentro da média, os lagos das UHEs estarão com aproximadamente 45% de sua capacidade, o que ainda é confortável. No entanto, ressalta também que a irregularidade de chuvas no período úmido não afasta a possibilidade de um cenário desafiador no próximo ano.

Os cenários da Fitch não incorporam melhora mais significativa do GSF no longo prazo, com a média anual permanecendo inferior a 1. Além de questões pluviométricas, a expansão dos parques eólico e solar, cuja energia precisa ser escoada no momento da geração, afeta o despacho hídrico e térmico, impactando também no GSF e fazendo as geradoras seguirem protegendo suas exposições por intermédio da manutenção de parte de sua energia descontradada e/ou comprando energia de terceiros.