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Eventos como descargas atmosféricas, queimadas, vendavais e temporais foram responsáveis por 43% das causas de desligamentos em linhas de transmissão entre 2014 e 2023. Os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) constam no último Fact Sheet publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) numa série dedicada à análise dos efeitos das mudanças climáticas sobre o setor elétrico brasileiro.
Como exemplo recente de impactos, a publicação lembra a tempestade que causou a queda de cinco torres ligadas à usina de Belo Monte (PA), no trecho responsável por levar a energia para as regiões Sul e Sudeste. Ou ainda as chuvas intensas em maio de 2024 que provocaram alagamentos e enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul, deixando mais de dez subestações alagadas e cerca de 40 LTs fora de operação.
Com quase 190 mil quilômetros de extensão, a rede de transmissão brasileira é responsável por atender mais de 99% da carga elétrica do país. Por ser majoritariamente composto por estruturas aéreas, o sistema enfrenta riscos crescentes diante da intensificação de eventos climáticos extremos.
Entre 2010 e 2024, o documento aponta um acréscimo de 88% na extensão das linhas, ampliando a capacidade de intercâmbio de energia elétrica entre os subsistemas, a redundância e a confiabilidade da rede e a interligação de novas regiões. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste tem a maior concentração, com cerca de 45% da malha total. O restante está distribuído entre Nordeste (22%), Sul (17%) e Norte (16%).
Incertezas e adaptações
O estudo argumenta que a definição de novos critérios de projeto de infraestrutura e de planejamento com base em projeções climáticas é fundamental para fortalecer a resiliência do sistema de transmissão. Porém, considera a existência de um grau significativo de incerteza nos modelos e projeções de variáveis climáticas como ventos extremos e frequência e duração das secas, além de desafios na obtenção de séries históricas de dados de ventos e raios suficientemente extensas para análise de tendências.
Em geral, o critério de confiabilidade adotado no planejamento e operação do SIN é o N-1, o que significa que o sistema deve ser capaz de suportar a perda de qualquer elemento da rede sem interrupção, mantendo sua estabilidade, frequência e tensão, sem sobrecargas de equipamentos e instalações. Em algumas partes, principalmente nas interligações entre submercados e no atendimento a capitais estaduais, pode ser utilizado o critério N-2.
A análise é de que as mudanças climáticas impõem desafios significativos à infraestrutura de escoamento da energia, exigindo redes mais robustas para suportar condições extremas, como ondas de calor mais intensas, tempestades mais frequentes e ventos. No entanto, a adaptação envolve custos elevados com a modernização de equipamentos, implementação de tecnologias avançadas de monitoramento, expansão e redundância.
O desafio reside então em equilibrar a necessidade de maior resiliência com a viabilidade econômica e os impactos socioambientais associados à implantação de novas linhas e subestações. O que exige estratégias de investimento inteligentes, uso de materiais mais resistentes e adoção de soluções inovadoras que garantam a confiabilidade da rede a longo prazo sem comprometer a sustentabilidade financeira do setor e tarifária para os usuários da rede.
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