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A competitividade do gás natural que começa a ser importado da Argentina e as possibilidades de maior integração para o energético no continente foram os principais assuntos debatidos na manhã dessa quarta-feira, 14 de maio, no seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás no Hotel Fairmont, no Rio de Janeiro.
A diretora de Originação e Trading da Edge, Tatiana Lemos, destacou que a comercializadora do Grupo Cosan criada no ano passado e que possui 43% do seu quadro de liderança ocupado por mulheres já realizou com sucesso uma importação teste do país vizinho com a Tecpetrol e a Total Energies, visando analisar o efetivo cumprimento de contratos e que o Brasil não pode perder a oportunidade dessa interconexão com um gás mais barato e competitivo.
“Somos otimistas com o gás argentino, vendo potencial de fazer como o shale gás nos Estados Unidos”, aponta a executiva, referindo-se ao insumo extraído de rochas de xisto. Ela comentou que atualmente o mercado brasileiro está mais evoluído a partir de um número maior de agentes e que a empresa está comprando gás de seis fontes de suprimento: Bolívia, Argentina, Pré-sal, Biometano, GNL da TotalEnergies e o gás onshore do Nordeste.
“Transacionamos com mais de 20 contrapartes”, acrescenta Tatiana, citando como destino as três transportadoras da molécula por aqui, a Bolívia, além de produtores, comercializadores e consumidores livres dos segmentos de cerâmica, mineração, siderurgia, petroquímica, celulose e vidro, em cinco estados do país.
Argentina passou a acelerar exportação do gás de Vaca Muerta para o Brasil e mira São Paulo como principal destino (Gob AR)
A dirigente ainda ressaltou o terminal de regaseificação da companhia em São Paulo como seu principal ativo, a partir de uma produção de 14 milhões de m³ por dia e capacidade de estoque de 100 milhões de m3. E mencionou a planta de purificação de biometano em Paulínia (SP), numa parceria com o Grupo Orizon, como a maior da américa latina, e que começará as primeiras vendas até o fim do ano.
Na apresentação da New Fortress Energy, o diretor Comercial, Edson Real, pontuou a ampliação de infraestrutura e confiança entre os agentes para uma negociação bilateral de longo prazo como principais desafios a serem vencidos para uma maior integração da cadeia no gás na América Latina. E que no caso do projeto argentino de Vaca Muerta é preciso primeiro otimizar os gasodutos existentes para depois pensar nos novos, sempre primando pela economia de escala.
“Seria interessante colocar um medidor para uma medição acima de 2 milhões de m³/dia para depois ter um suprimento progressivo até 10 milhões de m³/dia”, sugere o executivo, ponderando ser necessário aglutinar a demanda firme para tracionar os investimentos.
Para Real, a possibilidade de importação do GNL argentino fica ainda mais interessante devido à proximidade com o Sudeste, o que traz vantagens em termos de frete em relação ao Golfo do México. E que o Brasil vive desde 2021 seu melhor momento de mercado, vendo um dinamismo crescente, sistema de tarifação, e os terminais de regaseificação tendo um papel fundamental para além do seu primeiro objetivo: segurança de abastecimento para o grande cliente que é o setor elétrico.
“O leilão de capacidade trouxe uma nova etapa que é promover segurança para maior inserção das renováveis. E não tem nada melhor do que atender essa demanda do que um terminal de regaseificação, devido aos grandes volumes necessários das termelétricas”, argumenta, destacando os dois terminais da companhia, Gás Sul e Barcarena, onde estão sendo desenvolvidas duas UTEs.
Competitividade das novas fontes de gás importado e perspectivas e desafios no crescimento da oferta nacional foram pauta em seminário no Rio de Janeiro (IBP)
Quanto a uma possível concorrência do gás argentino e aumento no número de comercializadores no Brasil, a vice-presidente de Novas Cadeias de Valor e Comercialização da Equinor, Claudia Brun, afirmou que os novos agentes entrantes são muito bem-vindos e tem um papel importante para capilaridade do mercado industrial, com as atuações indo desde a agregação, intermediação e execução de negócios distintos.
E que a Argentina tem um papel preponderante de complementar a sua oferta, com a maior tendência vindo a partir dos investimentos que estão sendo realizados visando a liquefação para entrada no mercado global. Sobre o Brasil, Claudia entende que a execução de novos projetos no atual cenário desafiador de volatilidade de preços exige ainda mais análise e maturação para buscar o máximo de robustez para navegar nesse mar de incertezas.
“Ter mais liquidez fará com que o mercado fique mais competitivo e atrativo, sendo preciso focar agora em políticas públicas que incentivem esse ponto, mantendo a previsibilidade de regras no longo prazo”, complementa.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) Márcio Félix, marcou presença no Seminário de Gás Natural do IBP com uma apresentação sobre o gás onshore. A produção atual é de 23 milhões de m³/dia e a projeção da entidade é que esse volume deve atingir 29 ou 30 milhões de m³/dia em 2028, representando o que já foi a Bolívia para o Brasil em termos de fornecimento. “Os investimentos devem subir de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão, com possibilidades de sinergias de diferentes soluções e de infraestrutura com o gás offshore e o biometano”, conclui.
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