A produtora química Dow AgroSciences apresentou ao mercado nesta terça-feira, 29 de novembro, uma nova solução para o setor elétrico. Trata-se do Manejo Integrado de Vegetação (MIV), técnica já consolidada nos Estados Unidos e no Canadá que chega ao Brasil como uma alternativa moderna e eficaz para a manutenção e controle da vegetação abaixo das linhas de transmissão.

De acordo com Valeska De Laquila, gerente de contas especiais da Dow, o objetivo dessa técnica não é apenas controlar as plantas indesejáveis, mas também preservar a vegetação nativa e a biodiversidade local, contribuindo assim para a redução das emissões de gases de efeito estufa. "A Dow tem a certeza que está trazendo uma tecnologia diferenciada para o setor elétrico", afirmou a executiva durante apresentação do novo produto em Piracicaba, no interior de São Paulo.

A correta manutenção das faixas de passagem das linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica contribui para evitar desligamentos indesejados. Contudo, métodos tradicionais que contemplam apenas o corte ou a utilização de produtos químicos nem sempre alcançam a eficácia desejada pelas concessionárias. Um levantamento realizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico aponta que as queimadas foram responsáveis por 106 desligamentos na Rede Básica entre janeiro e junho de 2016, um aumento de 21,11% na comparação com o mesmo período de 2015.

O Manejo Integrado de Vegetação em faixas de servidão de LTs é um conjunto de práticas que visa o estabelecimento em longo prazo de uma comunidade de plantas cujas características de crescimento não interfiram no desempenho operacional das instalações elétricas ou que demandem o mínimo de intervenções humanas; protege o solo contra erosões e promove abrigo e alimentação para a fauna.
 
A técnica engloba o corte e a aplicação de herbicidas, realizada de forma seletiva e direcionada às plantas cujas características não se enquadrem no perfil desejado. Dessa forma, ao longo do tempo, será estimulada a formação de um grupo de plantas que exijam menor manutenção, reduzindo os custos com manutenção das concessionárias no longo prazo. Diferente das podas tradicionais que usam mão de obra de baixa qualificação, o MIV contempla a capacitação dos profissionais para o uso de herbicidas e equipamentos específicos, garantindo a eficiência e segurança na aplicação. "O MIV é uma solução que traz uma séria de benefícios ambientais aliados a vantagens economias e sociais. No Brasil, temos um enorme potencial de mercado", declarou De Laquila.

As empresas aptas a aplicar os herbicidas que compõem o MIV devem possuir os certificados NR10, NR12, NR13 e passar por uma certificação específica dada pela Dow AgroSciences. O treinamento inclui dois dias de capacitação teórica e prática para os aplicadores, nos quais são tratados aspectos como o conceito do MIV e segurança. Hoje no Brasil existem duas empresas qualificadas para fazer essa aplicação e participar de licitações das concessionárias de energia com a nova solução. São elas a Biochess, que ajudou a Dow em todo o processo de pesquisa (iniciada em 2009) e implementação do projeto no Brasil, e a Ecosafe. A Dow pretende promover mais treinamentos para capacitar outras empresas.

Redução de custos
– A Dow convidou um grupo de jornalistas para ir até a cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, para demonstrar a diferença das técnicas de manutenção das faixas de servidão. O campo demonstrativo apresentado está um dos ramais em 138 kV da CPFL Paulista que se conecta à Subestação Piracicaba. Lá foi possível ver, in loco, o efeito da aplicação de diferentes técnicas. Com o passar dos meses, a partir de fotos, foi possível comprar a diferença da velocidade do crescimento da vegetação. Nas áreas onde foram utilizadas as técnicas tradicionais, as plantas cresceram rapidamente e de forma mais agressiva. Aonde o MIV foi aplicado, a vegetação se mostrou mais controlada. 
 
A Dow AgroSciences está negociando com quatro concessionárias, entre elas a CPFL, aplicação da técnica em escala comercial. O objetivo é alcançar, em 2020, 60% do mercado brasileiro de controle de vegetação em linhas de transmissão no Brasil.

O diretor de Sustentabilidade da CPFL, Rodolfo Sirol, explicou que o investimento nessa nova técnica vai aumentar entre 10% e 15% os custos com manutenção das linhas de transmissão nos primeiros dois anos. Contudo, a expectativa é que a partir do terceiro ano haja uma redução de 50% desses custos. Atualmente a CPFL investe R$ 15 milhões anuais na manutenção da vegetação de linhas de transmissão e de distribuição.
 
"Mas essa conta não está certa. Sem dúvida quando a gente coloca a qualidade no atendimento e o menor risco operacional o ganho é maior. Melhores condições de segurança no fornecimento refletem na empresa em uma melhora na qualidade do atendimento e dos seus indicadores operacionais", ponderou o executivo. Na distribuição, 50% das interrupções na rede da CPFL estão relacionadas a interferências causadas pela vegetação nas linhas. Na transmissão, esse número fica entre 5% e 10%, porém o impacto desse desligamento é mais “catastrófico". "Na transmissão, até pelo impacto que pode causar um desligamento, a gente tem um cuidado muito maior", disse.
 
Repórter viajou a convite da Dow AgroSciences*