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Especializada na integração de soluções para o setor de energia e reconhecida epecista de subestações, a gaúcha Tecnova está entrando em uma nova fase com a expansão de suas operações para o Paraná e a ampliação para outros mercados como os sistemas de proteção e controle de usinas renováveis e a integração de sistemas de baterias junto aos segmentos de geração e transmissão.
O CEO da empresa, Carlos Frederico Behrends, revelou que uma área específica está sendo estruturada para o desenvolvimento de sistemas de armazenamento BESS (Battery Energy Storage System), sobretudo a partir da demanda vinda da crise dos cortes de geração orquestrados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por limitações na capacidade de transmissão ou consumo do sistema elétrico.
“Estamos olhando agora muito a parte de sistemas de baterias BESS e compensadores síncronos estáticos e síncronos, já que o mercado vai solicitar muito em função da instabilidade atual do sistema de transmissão”, comenta o executivo em entrevista ao CanalEnergia, citando a possibilidade de projetos assim como a Isa Energia fez na subestação de Registro (SP), estabilizando o fornecimento no verão do litoral paulista.
Além da paralisação de projetos renováveis no Nordeste, na visão de Behrends, esse descompasso entre a transmissão e a geração no setor elétrico brasileiro deve impactar também os projetos de hidrogênio renovável e data centers, exigindo uma caminhada mais acelerada dos órgãos governamentais em encontrar soluções.
No trecho da entrevista em vídeo abaixo, que contou também com a participação da vice-presidente Nathalia Behrends, os dois comentam sobre as possibilidades do negócio envolvendo os sistemas de baterias e como enxergam com preocupação a prorrogação do leilão de capacidade e a realização de apenas um certame de transmissão em 2025.
Questionado sobre algumas alternativas ventiladas no último Workshop PSR/CanalEnergia para aumento da escoação da geração, sobretudo do NE, como cabos de maior capacidade e subestações compartilhadas, ele salienta que a empresa está com alguns projetos de recapacitação de linhas de transmissão com cabos de fibra de carbono que triplicam a quantidade de energia que pode ser transmitida na mesma linha sem necessitar de mais reforços. E que o segundo caso é mais conhecido no mercado, mas que depende de cada caso, exigindo análises pontuais.
Origem e outros rumos
No setor elétrico há 40 anos, Tecnova deu seus primeiros passos como representação comercial da Zeletric, passando depois pela ABB e mais recentemente a Alstom, hoje General Eletric. Era uma fabricante que tinha todos os equipamentos de pátio para a subestação, e que depois de um projeto com a Stemac, o qual marcou sua primeira SE, no caso juntando o gás do lixo do aterro de Salvador para uma filtragem que gerava energia, a empresa passou a representar mais esse foco industrial pouco explorado na época.
Desde então a companhia já montou mais de 40 subestações pelo Brasil, desde 69 kV até as maiores iniciativas, de 500 kV, abarcando mais de 80% dos estados brasileiros. Atualmente são 18 projetos de subestações acontecendo simultaneamente em todo país, com entregas para clientes como a CPFL Energia, Copel, Cemig e a EDP Renováveis, esta última com previsão ainda nesse semestre, associado a geração de um parque eólico na Paraíba.
O negócio está estruturado em três áreas: Soluções, que faz toda a parte de EPC de obras, tanto para as subestações quanto para obras de geração a partir de fontes renováveis; Engenharia, de desenvolvimento de projetos executivos em projetos de Modelagem da Informação da Construção; e Produtos e Sistemas, que carrega ainda a empresa originária do grupo, evoluindo principalmente na parte de produtos engenheirados.
“A gente é CVaR de alguns produtos no Brasil e desenvolvemos toda a parte de fazer internamente projetos de sistemas de proteção, controle e supervisão”, complementa Nathalia Behrends. Cerca de 70% do lucro vem como epecista de SEs de alta tensão, sendo metade em obras para transmissão, 25% para geradoras e 25% para a indústria. E os outros 30% diversificados em outros frentes como os sistemas de proteção e controle, projetos executivos, civis, eletromecânicos e elétricos, além da parte de representação comercial.
Subestação em Francisco Beltrão, Paraná (Tecnova)
A carteira de transmissão está dividida entre os novos ativos e a demanda vinda das grandes transmissoras, por meio do plano de renovação e modernização de ativos existentes regulado pela Aneel. “As transmissoras estão mais para essa parte de tecnologia, com um grau de digitalização e de automação bem maior do que estavam anteriormente. Mas ainda há um longo caminho para percorrer”, aponta Nathalia. Umas das frentes de destaque é os projetos de modelagem de informações de construção (BIM, a sigla em inglês) e de subestações digitais, com uma iniciativa acontecendo com Copel e outras duas com a Cemig.
Para Carlos Behrends, o maior diferencial da Tecnova é a rapidez nas decisões, nunca deixando o cliente sem resposta, e que o atual planejamento estratégico aponta para o objetivo de ser a maior referência em soluções de energia para o setor elétrico brasileiro. “Conseguimos verticalizar tudo que dava de tecnologia e engenharia na nossa operação para o setor”, ressalta, informando a meta de atingir um faturamento de R$ 800 milhões nos próximos cinco anos.
Próximos expansões podem ser MG e SP
Com sua matriz em Porto Alegre, a empresa optou por sua expansão regional ao Paraná por uma questão de profissionalização e mão de obra, trazendo a parte de gestão de projetos, suprimentos, engenharia e de projetistas também para Curitiba nesse ano. Inclusive há planos de mais inaugurações em outras regiões, muito provavelmente Minas Gerais e São Paulo.
Expansões para a América Latina não estão descartadas, mas atualmente o foco recai no Brasil pela quantidade de oportunidades. Outro ponto abordado é que o plano de investimentos está 100% direcionado para profissionalização interna e a atração de novos recursos. São profissionais que demoram de três a cinco anos para virarem sêniores dentro do negócio.
“Capacitação da mão de obra é o maior problema atualmente, eu diria que do Brasil. O que temos de recursos investimos em novos talentos, sendo esse o maior desafio para conseguir crescer”, pontua o CEO. Segundo ele, as universidades de engenharia elétrica cada vez formam menos engenheiros, classificando o quadro no Rio Grande do Sul como catastrófico e vendo o Paraná um pouco melhor nesse quesito.
Subestação Termoverde Salvador de 69/13,8 kV e 18,75 MVA, associada com termelétrica e biogás (Tecnova)
Já Nathalia reforça a preocupação em conseguir valorizar as pessoas que estão na corporação, mas que, por ser um ramo extremamente técnico, com crescimento calçado no core business mas também em novas tecnologias, existe uma curva de aprendizado que está sendo acelerada internamente. E que começa na educação do ensino médio, indo nas escolas e mostrando o mercado de energia e as possibilidades profissionais das engenharias. Tudo para aumentar o número de entrantes nas universidades.
“Temos parceria com a PUCRS e com a UFRGS em Porto Alegre para aulas sobre o setor de energia renovável e elétrico para as futuras contratações e capacitações”, comenta, afirmando que a ideia é já pegar os alunos durante o curso e levá-los para dentro da empresa visiando uma formação além da universidade, e que pode significar a retenção de talentos.
Para finalizar a conversa, Nathalia destaca que o mantra da Tecnova é existir para transformar a energia em expansão e desenvolvimento no país para além da infraestrutura ou tecnologia em questão, possibilitando o crescimento de regiões, cidades, hospitais, shoppings, indústrias ou outras atividades econômicas, em serviços onde a energia elétrica é essencial.
O que para ela ficou ainda mais claro em um dos momentos mais difíceis da história gaúcha e brasileira, com a enchente de maio de 2024. “Foi quando percebemos o quanto o nosso negócio, por si só, é importante para retomar qualquer atividade econômica”, relembra, referindo-se a priorização para mobilização de obras num contexto extremamente complexo, para que as subestações possibilitassem a religação em bairros, ou ainda para o resgate dos mais necessitados. “Nos fez lembrar o quanto temos uma responsabilidade em estar exercendo uma serviço essencial como é a energia elétrica”, conclui.
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