O projeto "Cultivando Água Boa”, de Itaipu Binacional, vai ser replicado pelo governo de São Paulo nos reservatórios do Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana da capital. O projeto foi premiado pela Organização das Nações Unidas como a melhor política pública de gestão de recursos hídricos no mundo. Ele engloba 29 cidades na parte 3 da bacia hidrográfica do Paraná. O anúncio da parceira foi feito na última quarta-feira, 16 de setembro, pelo presidente da Agência Nacional das Águas, Vicente Andreu, no Encontro de Experiências Inovadoras de Iniciativas Sociais na Gestão da Água, realizada na cidade de Foz do Iguaçu (PR).

Itaipu investe cerca de US$ 8 milhões por ano no projeto. O valor total vai além desse montante, uma vez que as cidades devem sempre fazer um investimento associado ao de Itaipu. O CAB envolve um conjunto de 20 ações socioambientais, como a recuperação de bacias hidrográficas, proteção de nascentes, recomposição de matas ciliares e instalação de cisternas. De acordo com Jorge Samek, diretor-presidente de Itaipu, desde 2003, a empresa mudou a sua missão, indo além da geração de energia. Tendo a água como matéria prima, a empresa tem sempre que zelar por ela, cuidando para que o reservatório não fique assoreado.

O diretor de Itaipu conta que existem conversas com algumas empresas do setor para compartilhamento de experiências. Segundo ele, Furnas possui um projeto de criação de peixes até em maior escala que o de Itaipu. Empresas como a Copasa e a Caesb já querem replicar o projeto nos estados de Minas Gerais e Distrito Federal, respectivamente. "Todas as empresas estão vendo como é bom ter as melhores práticas, viram que isso é bom para elas”, afirma. Samek acredita ainda que novas usinas hidrelétricas como Jirau, Santo Antônio e principalmente Belo Monte podem usar o exemplo de como os royalties podem ajudar no desenvolvimento das cidades em que elas ficam sediadas ou do seu entorno. Outro aspecto frisado no programa é o envolvimento da comunidade no projeto, com massiva atuação de vários setores da sociedade nos vários projetos, em especial os de agricultura, que fomentar uma produção orgânica na região.

O presidente da ANA explicou que a ideia parceria veio de uma conversa com o secretário de recurso hídricos de São Paulo, Benedito Braga, na ocasião da renovação da outorga dos reservatórios da Cantareira. Será feita uma articulação com os programas já existentes para buscar a recuperação das margens do entorno do reservatório e das margens das bacias de contribuição. "Comentei que o Brasil tem um programa reconhecido pela ONU e da oportunidade que haveria", explica. Andreu frisa que o reflorestamento não é a única solução para o Cantareira, o que faz com que as várias ações do CAB ganhem espaço.

O encontro em Foz do Iguaçu também sinalizou para a continuidade dos esforços para a preservação dos recursos hídricos. Embora avanços no tema tenham sido concretizados, como a redução para 750 milhões o número de pessoas no mundo sem acesso a água, os serviços sanitários ainda não são possíveis para 2,5 bilhões de pessoas.

*O repórter viajou a convite de Itaipu