O Governo Federal autorizou a diretoria da Eletronuclear a seguir com a contratação de um empréstimo de R$ 3,8 bilhões junto à Caixa Econômica Federal. Os recursos serão utilizados para a compra de equipamentos importados e para o pagamento de serviços de engenharia em Angra 3. "Tendo em vista as manifestações da Secretaria do Tesouro Nacional e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, autorizo as contratações mediante o cumprimento das exigências legais", diz o texto publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira, 30 de junho, assinado por Tarcísio José Massote de Godoy, ministro interino da Fazenda.

Segundo o diretor de Operação e Comercialização da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, o contrato de empréstimo com a Caixa Econômica está pronto e aguardava apenas do aval do governo. A União atuará como garantidora da operação. "Com essa autorização, torna-se possível a contratação do empréstimo", disse o executivo, em entrevista à Agência CanalEnergia. A expectativa é que os recursos estejam disponíveis na próxima semana.

Na última sexta-feira, 26 de junho, a francesa Areva publicou um comunicado à imprensa informando que estaria reduzindo temporariamente as atividades em Angra 3. A empresa, uma das maiores fabricantes de equipamentos de geração de energia nuclear do mundo e um dos principais fornecedores de Angra 3, é responsável pelos serviços de engenharia e componentes, bem como a instrumentação e controle do sistema do reator. "Esta redução temporária é devido aos atrasos verificados na obtenção de financiamento para o restante das atividades do projeto. Assim que a Eletronuclear assegurar uma solução financeira sustentável, a Areva retomará todas as atividades do projeto", diz o comunicado, disponível no site da empresa.

De acordo com Figueiredo, a obra global de Angra 3 (1.405 MW) está 52% concluída. Até o momento, foram executados 60% das obras civis. A expectativa é que a usina entre em operação no segundo semestre de 2018. Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Quando entrar em operação comercial, a nova unidade será capaz de gerar mais de 12 milhões de MWh por ano, energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. Com Angra 3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.

O investimento total do empreendimento está estimado em R$ 14,9 bilhões, sendo que aproximadamente 75% desse valor serão investidos dentro do Brasil. Os recursos para a construção de Angra 3 estão sendo obtidos, principalmente, por meio de empréstimos tomados pela Eletrobras, controladora da Eletronuclear. Os equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estão sendo custeados por meio de financiamento do BNDES. Já o financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos importados e a contratação de serviços externos está sendo feito mediante contrato com a Caixa Econômica Federal. O Brasil tem duas centrais nucleares em operação: Angra 1 (640MW e 2 (1.350 MW), sendo que a primeira se encontra inoperante por estar passando por manutenção programada.