Ter saído do leilão A-5 de 2014 como grande vencedora, quando conseguiu as usinas termelétricas UTE Rio Grande (RS – 1.200 MW) e UTE Novo Tempo (PE – 1.20 MW) trouxe o Grupo Bolognesi para o centro das atenções do setor elétrico. Dois terminais de GNL próximos as usinas serão construídos, de modo a abastecer as térmicas e ainda poder vender o insumo ao mercado. De acordo com José Paulo Rutzen, vice-presidente executivo do Grupo, a decisão de implantar pela primeira vez usinas e terminais de GNL fora do âmbito da Petrobras fez com que os projetos estejam sendo bastante observados. "Fazer o novo é difícil. O GNL para inflexibilidade é uma coisa nova no mundo também. Mas estamos vencendo o desafio, temos fundamento para entregar os projetos com toda segurança", afirma ele, que participou nesta quinta-feira, 25 de junho, de seminário do Instituto Brasileiro do Petróleo, no Rio de Janeiro.

Na visão do executivo, os projetos de térmicas a GNL só se viabiliza com projetos de pelo menos 1.200 MW. Embora os terminais e os gasodutos apareçam como bons negócios vinculados, a receita fixa das usinas cobre todos os custos. "Os ‘upsides’ não estão sendo levados em conta", avisa Rutzen. O aumento da potência das usinas de 1.238 MW para 1.500 MW foi sugerida na negociação com a GE, que vai fornecer as turbinas. Isso daria mais eficiência à planta e eliminaria problemas de oscilação. Os cerca de 350 MW a mais poderão ser vendidos no mercado livre.

Ele conta que há pelo menos cinco anos a empresa trabalha no projeto e que nesse intervalo um dos desafios foi conhecer como funcionava o GNL no mundo, bem como os seus aspectos de segurança. Há ainda o fato desse tipo de combustível ser perecível e está relacionado com a inflexibilidade das usinas. "Dar o lance no leilão foi o mais fácil, ele foi consciente. A negociação para o GNL é complexa, difícil", explica.

O financiamento das usinas é um dos temas que mais aguçaram a curiosidade dos agentes, pelo investimento necessário para a construção das térmicas. Rutzen conta que a Bolognesi vai gastar R$ 6,6 bilhões nos projetos. Dentre os acionistas do projeto, o capital será de R$ 2,2 bilhões. Da própria Bolognesi e do FI – FGTS vem R$ 1,6 bilhão. Outros US$ 300 milhões vem do EIG, mais US$ 150 milhões de um empréstimo- ponte da GE e mais R$ 600 milhões de um eventual Fundo de Participação. Os outros R$ 4,4 bilhões vão chegar por meio de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Eximbank e da emissão de debêntures de infraestrutura.

Essas debêntures serão pelo menos 15% do projeto todo. Elas também serão emitidas no mercado internacional. A venda de outros ativos que o grupo tem na área de energia, como as PCHs e as eólicas, é uma opção, mas, segundo Rutzen, ainda não está certa. Na estrutura das usinas ao fim da implantação do projeto, a Bolognesi e o FI-FGTS e fundos de investimentos serão os acionistas. "Nossa estrutura de capital de equity está robusta. Vamos dosar a maior ou menor participação de acordo com nossos recursos e com os aportes que a empresa vai fazer", conclui.