A Scania projeta colocar em até três anos um novo motor no mercado para ser aplicado em grupos de geração de energia elétrica por meio do uso do gás natural. Essa mudança vem na esteira da busca por novos combustíveis para a geração ao passo que as preocupações ambientais aumentam em decorrência da emissão de gases de efeito estufa. O anúncio deverá ocorrer ainda no final deste ano ou início de 2016. De acordo com o gerente de vendas de motores da Scania, Fábio D’Angelo, o conceito do novo produto já está definido e foi desenvolvido na Suécia. A empresa está trabalhando para o desenvolvimento de fornecedores para esse novo produto.

Atualmente, explicou o executivo, a empresa trabalha apenas com a plataforma de motores movidos a óleo diesel e que são utilizados tanto para a área veicular quanto para a industrial, que inclui as aplicações para a geração de energia. Até o lançamento a empresa mantém uma solução classificada por ele como parcial, onde se utiliza o motor a diesel com adaptações e preparado para a inserção de dispositivos que levam ao seu funcionamento com o gás natural. Ele lembrou que a empresa controladora da UTE Xavantes (GO, 54 MW), a OnCorp, está desenvolvendo uma solução que será utilizada na Argentina com motores Scania por meio do uso de gás natural, isso até que o motor completo a gás natural chegue ao mercado.
Essa migração parcial da empresa tem como meta aproveitar a maior expansão que a geração térmica a gás deverá ter na matriz energética nacional. Em sua análise de mercado a Scania acredita que o perspectiva no longo prazo é de que a demanda de energia continue em alta. Aliado a esse fator, está a insegurança quanto à recuperação dos reservatórios nos próximos anos. Com isso, a tendência é de aumentar a participação das térmicas na geração de energia, um fator que já vem ocorrendo nos últimos anos e com maior velocidade nos últimos dois anos.
Ele lembrou que a fonte térmica a gás e diesel respondia por cerca de 5% da energia gerada no país. Esse índice avançou progressivamente até chegar a 23% em 2014. “O cenário de crise hídrica deverá se alongar por mais uns dois a três anos, pois o déficit de armazenamento é muito significativo. E, como se espera a retomada da economia no último trimestre do ano e em 2016, com a economia mais aquecida precisaremos ver qual será o aumento da demanda, que pode ser um problema no país”, avaliou o executivo.
Por conta dessa perspectiva o país ainda deverá depender de usinas emergenciais. Nesse sentido, disse ele, as térmicas a diesel são as mais indicadas por conta do capex relativamente baixo e a maior facilidade de instalação. Hoje, usinas modulares como as que o cliente da Scania está desenvolvendo, podem ser instaladas em duas semanas. “A térmica a diesel é a mais indicada para atender essa demanda de ponta de forma emergencial”, reforçou o executivo. Contudo, no longo prazo, apesar de diversas térmicas com CVU acima de R$ 1 mil/ MWh estarem sendo despachadas continuamente, ele acredita que essa geração a diesel não se perpetue. Até porque essas usinas são feitas para ficar de stand by e não para operar na base.
*O repórter viajou a convite da Scania

(Nota da Redação: matéria alterada às 12:14 horas do dia 11 de junho de 2015 para correção do país onde o produto foi desenvolvido)