Os seguidos leilões de expansão que vem apresentando lotes vazios nos certames é um reflexo do atual momento de escassez de recursos do setor. Há perda de capacidade de investimentos por redução da receita anual permitida dos atuais projetos, problemas no retorno dos investimentos e que ganharam o reforço da limitação do financiamento do BNDES. Por isso, o segmento defende a criação de mecanismos financeiros para que esses investimentos possam ser retomados.

Na avaliação de Mario Dias Miranda, presidente da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, essa preocupação é legítima porque 30% do montante financeiro dos investimentos em linhas de transmissão não ocorreu. E isso além de afetar o fornecimento da energia para o mercado consumidor também tem impactos sobre a indústria de equipamentos para o segmento, que deixou de realizar R$ 2,4 bilhões em vendas.
Essa não realização, explicou ele, é o resultado da falta de atratividade que vem ocorrendo sistematicamente nos certames promovidos pela Aneel. E apresentou um dado onde anos atrás os lotes colocados em disputa apresentavam em média até seis propostas cada um. Hoje, lembrou ele, há mais lotes que propostas dos empreendedores. A redução da capacidade de investimentos ainda pegou carona no problema na redução da RAP pós MP 579. Segundo levantamento da entidade, a redução foi de 73%, passou de R$ 9,074 bilhões para R$ 2,812 bilhões. “As empresas estão sofrendo sem caixa o que tem afetado a retomada da atividade normal das distribuidoras”, afirmou ele.
Miranda em sua exposição da 12ª edição do Enase, nesta quinta-feira, 28 de maio, ainda indicou que o problema para a retomada dos aportes passa também pelo atual patamar da vida útil regulatória dos equipamentos. Hoje, estimou ele, 48% dos equipamentos estão com esse prazo vencido e que por esse motivo levariam a uma necessidade de investimentos anuais que somam R$ 4 bilhões para sua substituição. Outro elemento, disse ele, é a necessidade de melhorias e de reforços no sistema de transmissão que demandam aportes de R$ 30 milhões e de R$ 120 milhões ao ano, respectivamente.
No caso da renovação das concessões passa pela retomada do pagamento das indenizações já definidas para os ativos pós maio de 2000. Adicionalmente, lembrou que há diferenças de valores também entre os valores do RBSE (anterior a maio de 2000) e, que, isso deixa o setor preocupado, pois as avaliações apresentadas das empresas utilizando o mesmo banco de dados de preços apresenta uma perda de 20%.