Planejando terminar o ano com até 10 MW contratados, a Joint Venture formada entre a brasileira Sunlution e francesa Ciel et Terre não quer apenas dotar de flutuadores solares os reservatórios das hidrelétricas do Brasil. A Ciel et Terre Brasil quer aproveitar as vantagens de infraestrutura já existentes nessas instalações para que as operações da geração solar possam ser otimizadas. Orestes Gonçalves, sócio diretor da Sunlution e da Ciel et Terre Brasil, quer aproveitar essas especificidades nas negociações de contratos. "Você tem a vantagem de já ter a infraestrutura pronta, não precisa esperar por uma transmissão ou subestação, como algumas eólicas. A solar já consegue executar uma usina em seis meses. Pode ser que dê para criar até um leilão A-2", afirma.

Ainda sem contratos fechados, o executivo conta que está tendo uma procura expressiva por projetos no curto prazo. O uso de flutuadores em reservatórios já é realidade em países da Europa e no Japão. A Ciel et Terre International fabrica o sistema de energia solar flutuante Hydrelio. O anúncio feito pelo ministro Eduardo Braga no último mês de março, que pretende dotar o reservatório da UHE Balbina com até 350 MW em flutuadores solares despertou a curiosidade do mercado. Gonçalves conta que os painéis são colocados sobre um flutuador plástico e são conectados com os inversores em um contêiner na área de terra. "Você consegue colocar o painel sobre a lâmina d’água e ao mesmo tempo consegue gerar energia", explica.

Inicialmente importados, o executivo espera que a demanda contratada seja suficiente para que os próximos equipamentos sejam produzidos aqui. Isso traria o preço dos flutuadores para o mesmo patamar de uma placa fotovoltaica convencional. O flutuador não tem isenção de impostos como PIS/ Cofins, IPI e ICMS. "Trazendo para cá, o preço deve ficar próximo da estrutura metálica", avisa. Ainda segundo Gonçalves, a energia de um megawatt vinda de um flutuador custaria sem a isenção de impostos cerca de seis milhões de reais.

O equipamento solar também consegue reduzir a evaporação do reservatório em até 70%. Ele faz com que seja possível despachar a energia solar e acumular a água do reservatório para ser despachada no período seco. A inclinação das placas, em doze graus, é considerada ideal para uma melhor produtividade. O aparato solar também pode ser usado em terrenos de aterros e em telhados de galpões de indústrias e comércio. Estudos feitos pelo Ministério de Minas e Energia indicam que há um potencial de mais de 15 mil MW nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras.